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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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O Senhor das Troikas

José Aníbal Marinho Gomes, 20.02.15

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Criatura viscosa, velha e repugnante, originalmente conhecido como Sméagol, foi outrora um alamano, ou suábio, como eles próprios preferem designar-se, natural de Freiburg im Breisgau (Friburgo em Brisgóvia), terra cercada por montanhas e próxima da Floresta Negra.

Personagem neblosa, que aceitou de Herr Schreiber 1, 100 mil marcos para o seu clã, a União Democrata-Cristã (CDU), no entanto, confrontado na era de 1999 no Reichstag com esta situação, negou-a veemente, apesar de posteriormente ter admitido que recebeu esse dinheiro.

Desde a era de 2005 que ocupa nos sucessivos governos liderados pela Reichskanzler Merkel, o cargo de “quaestor” da tribo do "Povo de todos os homens".

O poder dos anéis aumentou a vida de Sméagol, mas deformou-o deixando-o irreconhecível, passando então a chamar-se Wolfgang Gollum, em virtude dos ruídos guturais que produzia sempre que exclamava: My precious, my precious! O, my precious troika!

Obcecado pela Troika fazia birras terríficas junto dos seus pares, até conseguir espezinhar as terras do sul, Lusitânia e Hélade, bem como Éire, violando a Carta dos Direitos Fundamentais da Terras Europeias, que no seu Preâmbulo estatui que “…a União baseia-se nos valores indivisíveis e universais da dignidade do ser humano, da liberdade, da igualdade e da solidariedade; assenta nos princípios da democracia e do Estado de direito. Ao instituir a cidadania da União e ao criar um espaço de liberdade, segurança e justiça, coloca o ser humano no cerne da sua acção”.

Todo o seu comportamento severo e grosseiro para com as terras intervencionadas, cresce em complexidade psicológica, a que não é estranho o facto de a criatura possuir uma dupla personalidade, articulada a uma forma de expressão verbal, semelhante à que acontece com os casos de esquizofrenia paranóide, de carácter persecutório, a que não é alheio o facto de a sua personalidade estar dominada e fascinada pelo inconsciente, longe da realidade solidária dos fundamentos da criação da União das Terras Europeias, cujo lema é "in varietate concordia", (Unida na Diversidade), que passam entre outros pela constante melhoria das condições de vida e de trabalho dos seus povos, pelo reforço da unidade das economias assegurando o seu desenvolvimento harmonioso pela redução das desigualdades entre as diversas regiões e do atraso das menos favorecidas.

Até ser “O quaestor da Europa” foi um passo, tornando-se uma personagem marcante na sequência da trilogia “O Senhor das Troikas”, (em alusão aos três territórios intervencionados, Éire, Hélade e Lusitânia) 2

É imperioso recordar que ao longo dos séculos os alamanos foram um foco permanente de instabilidade nas Terras Europeias, envolvendo-se frequentemente em tentativas de subjugação dos povos seus vizinhos, traduzidas num trágico balanço de muitos milhões de mortos, bastando para tanto mencionar apenas os três últimos grandes conflitos em que foram protagonistas: a “Guerra dos Trinta Anos”, a “I Guerra Mundial” e a “II Guerra Mundial”. 

Como não conseguiram os seus intentos pela força das armas, os alamanos fazem-no agora através da hegemonia que possuem na União das Terras Europeias, que controlam ao seu bel-prazer, possuindo um exército de criaturas obedientes usadas como soldados, os Orcs, mais concretamente os de segunda categoria, chamados Snags − os escravos, que são seres estúpidos e infelizes, que odeiam todos, incluindo a si próprios e que servem por medo a líder Reichskanzler Merkel. Estas invejosas criaturas são incapazes de fazer coisas belas como os helenos, no entanto conseguem gerar ferramentas para ferir e destruir os povos que governam.

Antes que Gollum 3 se unisse ou transformasse em Senhor da EscuridãoSauron, e cobrisse de trevas toda a União das Terras Europeias, apareceu em cena um Arconte, o simpático "radical" Bilbo Tsipras, levado ao poder pelos inconscientes helenos, que ignoraram os conselhos dos alamanos, elegendo-o para líder de toda a Hélade. Para salvar os helenos das garras dos predadores, Bilbo Tsipras faz alianças improváveis para o governo da Pólis, o que lhe garante um grande apoio na Ecclesia, que reforça as suas posições antiausteritárias, para o que conta com a ajuda do homem do cachecol, o helanotamias Frodo Varoufakis. Juntos, pretendem acabar a todo o custo com a maldição que asfixia e paira sobre toda a Hélade e dos seus irmãos da Ilha do Cobre, que se estende ao Éire e Lusitânia: austeritas!

Na sua cruzada, Bilbo Tsipras é encurralado e apunhalado pelo discípulo conimbricense de GollumSnaga Coelho, um Orc de uma classe inferior, cuja ascendência paterna se encontra nas Terras de Panóias e materna nas Terras da Desgraça (Orik). 

Mas como uma desgraça nunca vem só para os alamanos − basta recordar na última centúria o dia do Armistício ocorrido no dia onze do mês onze da era de 1918, e o dia da rendição incondicional a sete do mês cinco da era de 1945  −, a Hélade não se renderá aos Suábios, tal como Esparta não se rendeu a Xerxes!

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1 Da Tribo dos Turíngios, era o fornecedor de armas ao exército de Sauron − o Senhor da Escuridão, nasceu em Petersdorf, localidade incorporada na cidade e landkreis de Nordhausen, na Terra Verde dos alamanos, que obteve também a nacionalidade das Terras de Kanata.

2 Posteriormente em Março da era de 2013, a União das Terras Europeias inicia por ordem de Gollum, uma dura intervenção na Ilha do Cobre.

3 Na sua constante saga de perseguição parte para Hélade, no sentido de obrigar os helenos a implementarem medidas ainda mais severas de austeridade. Mas na viagem de regresso, ao passar por Tera, Gollum escorrega e cai acidentalmente (ou não) na lava ardente do vulcão, levando consigo a sua “Precious Troika”, que é também destruída, assim como os seus servos Snags, que dependiam da sua força e comando.

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A investigação do Parlamento Europeu à actuação da troika e as declarações do eurodeputado José Manuel Fernandes

José Aníbal Marinho Gomes, 07.01.14

Está em Portugal uma delegação mandatada pelo Parlamento Europeu para efectuar uma investigação à actuação da troika no nosso país.

Esta investigação, embora tardia, insere-se numa averiguação global que o Parlamento Europeu pretende realizar à actuação da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) nos países sob assistência financeira.

A delegação é constituída por nove eurodeputados da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, e integra os portugueses Diogo Feio (CDS-PP), José Manuel Fernandes (PSD), Elisa Ferreira (PS), Ana Gomes (PS) e Marisa Matias (Bloco de Esquerda).

Fiquei surpreso com duas situações.

A primeira foi a ausência do Prof. Teixeira dos Santos nas reuniões, personalidade cuja presença era obrigatória.

A segunda, e que me causou alguma perplexidade, relaciona-se com as declarações públicas do eurodeputado do PSD, José Manuel Fernandes.

Este eurodeputado para além de não conseguir libertar-se da partidarite, mal que aflige a quase totalidade dos deputados e eurodeputados portugueses, em declarações prestadas aos órgãos de comunicação social, voltou o seu discurso para o ex-ministro José Sócrates, lamentando, entre outas coisas, que o mesmo continue sem assumir erros pela sua governação, como se fosse este o motivo da investigação em curso…

Não foram poucas as vezes que critiquei na imprensa regional o governo de José Sócrates e ele próprio em particular, sempre que considerei oportuno, pelo que estou à vontade para escrever aquilo que penso.

Como o Sr. Eurodeputado José Manuel Fernandes sabe ou pelo menos devia saber, o que se pretende com esta avaliação, é conhecer o impacto das políticas de ajustamento, impostas aos países da união europeia sob resgate, designadamente se era necessário aplicar estas políticas de austeridade, que violaram e continuam a violar os direitos mais fundamentais de qualquer cidadão.

Nesta investigação, não está em causa o ex-primeiro ministro José Sócrates, que já foi julgado pelos portugueses no último acto leitoral, apesar de eu ser apologista, contrariamente ao que advoga designadamente o PSD, que quem governou contra o povo e o país deve ser julgado pelos tribunais, mas infelizmente a Lei Fundamental não o permite.

Assim não compreendo que o Sr. eurodeputado José Manuel Fernandes, em vez de estar atento como lhe compete, à actuação da Troika, defendendo o povo português e questionar esta entidade pela imposição de políticas para mercados verem, perca tempo com este tipo de questões.

Basta! Estou cheio de ouvir dizer que a culpa foi do governo anterior.

Não foi o presidente do PSD que antes de ser Primeiro-Ministro afirmou que sabia muito bem a situação em que Portugal se encontrava e que estava preparado para governar?

Sr. eurodeputado José Manuel Fernandes, deixe-se de crítica fácil e defenda os interesses dos cidadãos do seu país, estando ao lado de Portugal e dos portuguese nesta investigação do Parlamento Europeu.

Já postura diferente teve Diogo Feio, que apesar de também ter tecido algumas criticas, admite erros da troika relativamente ao cálculo do impacto social das medidas aplicadas e em concreto ao desemprego.

Pelo andar da carruagem, o Sr. eurodeputado José Manuel Fernandes ainda vai branquear a actuação da troika, e aplaudir as medidas implementadas que vão “salvar” Portugal (diga-se salvar a banca e os grandes grupos económicos e afundar os portugueses, que ficam cada vez mais pobres).

O nosso tempo ao raio-x

JFD, 17.10.13

O período de incerteza que vivemos, em que o horizonte está bacento e imperceptível não é, contudo, difícil de explicar. As crises, todos sabemos, são cíclicas. Ao longo do séc. XX as mesmas foram resolvidas com guerras e consequentes planos de recuperação, dinamizando a economia e reerguendo a Europa a partir das cinzas. Hoje, diante do perigo do armamento nuclear, químico e de uma política de cooperação multilateral as guerras fazem-se na banca, na especulação e no mercado liberal. A emergência de novas potências, os acordos alemães, franceses e norte-americanos de exportação de tecnologia e da indústria automóvel obrigaram o Ocidente a abrir as portas aos produtos chineses a custos baixíssimos em função de uma mão-de-obra neo-escrava. As indústrias europeias foram, assim, assassinadas em favor de uma política temporária de um grupo de países.

A formação da União Europeia trouxe uma política agrícola e das pescas que, fabricada em Bruxelas, estrangulou as economias dos países do sul da Europa, com Portugal em particular enfoque. Os fundos europeus destinados ao desenvolvimento técnico foram distribuídos em compadrios e gastos levianamente, em automóveis, casas, estradas mil, equipamentos desportivos e culturais sem públicos, e tantos outros projetos loucos. Os bancos fomentaram o despesismo das famílias e empresas, à sombra de um paradigma de que o crescimento impõe a existência de dívida. Veio depois uma moeda única, que tratou a Europa como unidimensional e empurrou a esmagadora maioria dos países europeus para o sobreendividamento com um custo de vida insuportável - entre o escudo e o euro passámos a pagar o dobro e a ganhar o mesmo de sempre. 

Vinte anos volvidos de um capitalismo louco, de uma globalização desregulada, de projetos e ideologias tontas, estamos enterrados até ao pescoço. A austeridade que começou por ser a mãe de todas as virtudes - uma mãe com alzheimer que não sabe que a austeridade requer desvalorização monetária - rapidamente foi compreendida como a mãe de toda a miséria pelo FMI. A troika dos bancos e dos interesses alemães, contudo, mantém-se. O empobrecimento generalizado como projeto é cada vez mais claro, oferecendo aos países nobres da Europa mão-de-obra qualificada a preços de saldo. Enquanto isso os governos como o português caminham triunfantes para o suicídio. Ao menos afundam-se com orgulho. Os culpados da loucura dos anos 90 mantém-se nos governos e falam como se não tivessem estado lá. O povo esquece-se de tudo, a bem da euforia das campanhas, e volta a elegê-los. 

Sem dúvida que dentro de vinte anos - ou assim espero - os tempos que vivemos serão estudados como de loucura, em que os Estados condenaram as populações para salvar a banca, os bancos e determinados setores previligados e patrocinadores das campanhas. 

 

[também ali]

Alemães deixam Europa na Merkel

JFD, 23.09.13

Os alemães votaram no que é melhor para eles, e neste momento o melhor para a Alemanha é a continuação de Angela Merkel. Infelizmente para o resto da Europa a continuidade da Chanceler, ainda para mais tão perto da maioria absoluta, é o pior dos resultados. O cenário fica mais negro com a iminente saída do FMI da troika, deixando esta entregue ao Banco Central Europeu e à Comissão Europeia, ambas estranguladas pelo projeto germânico. O capitalismo selvagem edificado sobre o umbigo do sistema bancário mantém-se, até ao extermínio final das sociedades em redor do espaço vital alemão. Uma repetição contínua a da história. 

 

[também ali]

O GRAU ZERO da credibilidade

Pedro Quartin Graça, 22.01.13

Portugal pede mais tempo para pagar à troika

Vítor Gaspar pede mais tempo mas ainda não sabe se terá que pagar mais juros e promete regresso aos mercados dentro de "prazo de tempo muito curto".

 

Passos Coelho diz Portugal não pedirá mais dinheiro nem mais tempo à "troika"

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou, esta quinta-feira, que Portugal não vai pedir "um novo programa de ajuda" externa, nem "mais dinheiro" relativamente ao actual, nem "mais tempo" para o cumprir.