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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

"Infames, infames!" (1)

José Aníbal Marinho Gomes, 01.02.15

De pé, a Rainha D. Amélia, “armada” com um ramo de flores e dilacerada pela dor, grita para os covardes assassinos do seu marido e do seu filho - "infames, infames!"

Após uma estadia em Vila Viçosa, El-Rei Dom Carlos, a Rainha D. Amélia e o Príncipe Real D. Luís Filipe, regressam a Lisboa no final da tarde de Sábado, do dia 1 de Fevereiro de 1908, tendo desembarcado, por volta das 17h00m, na Estação Fluvial Sul e Sueste, onde eram aguardados por vários membros do governo, além dos infantes D. Afonso (irmão de D. Carlos) e D. Manuel, (filho de D. Carlos), que havia regressado dias antes, por causa dos seus estudos.

Apesar do clima de grande tensão que existia, D. Carlos - ao contrário de muitos políticos atuais que se escondem no interior de carros blindados e rodeados de guarda-costas - optou por seguir em carruagem aberta, envergando o seu uniforme de Generalíssimo, resumindo-se a escolta apenas aos batedores protocolares e a um oficial a cavalo. 

No Terreiro do Paço, às 17h 20m ouve-se um tiro após o que se inicia um forte tiroteio. Um homem descrito como “de barbas e mau aspecto” – Manuel Buíça, tira uma carabina que trazia escondida sob a sua capa, põe o joelho no chão e dispara para a rectaguarda do landau régio. O tiro mata o Rei D. Carlos - trespassa-lhe o pescoço, provocando-lhe morte imediata. Dispara um segundo tiro na mesma direcção, altura em que Alfredo Costa, sobe para o estribo da carruagem e atira duas vezes nas costas de Sua Majestade. O Príncipe Real D. Luiz Filipe, levanta-se imediatamente e dispara sobre o Costa, mas fica na mira de Manuel Buíça, que o fere mortalmente. Entretanto surgem mais tiros de diversos pontos, pois há vários atiradores espalhados na Praça - o landau, que transportava a família Real, fica cravejado de balas, disparadas pelos assassinos. 

regicidio-01.jpgA carruagem, conduzida por Bento Caparica, atingido numa mão, segue, a toda a velocidade, para o Arsenal da Marinha.

Para aqui é chamada a mãe d’El-Rei D. Carlos, a Rainha D. Maria Pia, que ao encontrar-se com D. Amélia parece ter dito “Mataram-me o meu filho” ao que D. Amélia terá respondido: “E o meu também”.

Foi neste dia que mataram a esperança!

Os implicados no Regicídio são: Manuel Buíça e Alfredo Costa (que morrem no local), Domingos Ribeiro, José Maria Nunes, Adelino Marques, Fabrício de Lemos, Ximenes, Joaquim Monteiro, todos com ligações à Carbonária, braço armado da Maçonaria, alguns, provavelmente iniciados na loja maçónica "Montanha". Há também mais implicados, considerados como autores morais, como por exemplo Aquilino Ribeiro e José Maria Alpoim, entre outros.

O objectivo deste atentado era a proclamação da república! Pela força…

33 meses após este crime de 1 de Fevereiro de 2008 - e menos de dois meses depois das eleições de 28 de Agosto de 1910, onde, num total de 147 (cento e quarenta e sete) deputados, os republicanos tinham conseguido eleger 14 (catorze) - é implantado, na cidade de Lisboa, o regime republicano, tendo o resto do país tomado conhecimento deste facto, por telégrafo…

E quase 105 anos depois de ter logrado os seus objectivos de chegar ao poder, obtendo uma mudança por via revolucionária e não democrática pois os republicanos tinham resultados eleitorais insignificantes (e que, traduz, sem dúvida, a tão propagada “ética republicana”) o regime republicano (agora maquilhado de “3ª república”) vigora ainda hoje em Portugal sem nunca ter sido, sequer, referendado e encontrando-se blindado pois a forma republicana de governo é um dos aspectos que não podem ser alterados em sede de revisão da constituição (o que também diz muito sobre a dita “democracia da república”)…

A Europa ficou chocada e revoltada com o Regicídio, ou não fosse D. Carlos uma figura estimada pelos diversos Chefes de Estado europeus, sendo a imprensa europeia eco disso mesmo, atítulo de exemplo cito:

Berliner Tageblatt, Berlim, 3 de Fevereiro de 1908 - "Perante o absurdo atentado de Lisboa, só se podem proferir palavras de profundo horror: nenhuma palavra de desculpa, nenhuma frase céptica para embelezar os factos."

The Morning Post, Londres, 3 de Fevereiro de 1908 - "Foi cometido no sábado em Lisboa um crime que não tem paralelo no grau de horror que as notícias sobre ele irão provocar através do mundo civilizado."

Corriere della Sera, Roma, 3 de Fevereiro de 1908 - "Mas era um tirano o Rei que mataram? Tirano o jovem príncipe de 20 anos, exuberante primavera que só pode sorrir? Oh, retórica de Brutos, envenenados de frases, saturados de ódio imbecil. Mesmo se o Rei fosse culpado - e isso está longe de ser provado - e que o filho estivesse preparado para ser culpado arbitrariamente, as vossas pistolas e as vossas carabinas absolveram-nos."

Também hoje, eu declaro "infames, infames!" todos aqueles deputados - alguns dos quais ainda hoje se passeiam pelo parlamento - que no dia 1 de Fevereiro de 2008, precisamente um século após este bárbaro assassinato, rejeitaram o voto de pesar pela trágica morte de D. Carlos e do Príncipe Real D. Luís Filipe, proposto pelo deputado Miguel Pignatelli Queiroz. 

E esses deputados, sem qualquer pudor, coerência ou exame de consciência, defendem que a soberania reside no povo, que a exerce segunda as formas previstas na constituição (mas não se incomodam que o regime em vigor tenha sido imposto pela força e por meia dúzia, após o vil assassinato de um legítimo Chefe de Estado…), afirmam-se democratas (quando lhes convém, pois a república portuguesa que representam impôs-se fazendo, também, tábua rasa da vontade popular expressa em eleições…) e são acérrimos defensores dos direitos humanos (só para alguns casos, mas não para o bárbaro assassínio de um pai e de um filho, que seguiam num coche aberto, com a mulher daquele e mãe deste, armada com um ramo de flores…).

Para a história fica que os deputados do PS, do PCP, do BE e do PEV rejeitaram, em bloco, o voto de pesar sobre os cem anos da morte do Rei D. Carlos, que os grupos parlamentares das outras forças políticas concederam liberdade de voto e os deputados do CDS-PP e maioria dos deputados do PPD/PSD – com abstenção de sete deputados da bancada social-democrata, entre os quais, João Bosco Mota Amaral, Costa Neves, José Pedro Aguiar Branco, Emídio Guerreiro e Sérgio Vieira – votaram favoravelmente.

Para memória futura recorda-se algumas das, no mínimo lamentáveis, declarações proferidas pelos parlamentares, que não sufragaram o voto de pesar, pelo homicídio de um legítimo Chefe de Estado.

Alberto Martins, na altura líder da bancada do PS, afirmou que aprovar o documento seria dar «um voto contra a República» e que «Não nos cabe a nós julgar as pessoas na história, fazer qualquer juízo moral sobre a história ou reescrever a história».

Desde quando condenar um assassínio é um voto contra a república? E porque, na opinião deste deputado, não cabe aos representantes dos portugueses “fazer juízos morais” é que o país está como está…

Para Fernando Rosas, do Bloco de Esquerda, a Assembleia da República, não devia ter uma «posição oficial sobre o Rei D. Carlos ou sobre o Regicídio», pelo que recusava o voto de pesar, afirmando ainda que «Aprovar este voto seria vincular a Assembleia da República, fazer com que os órgãos do Estado tenham uma visão oficial sobre a história».

Mas a Assembleia da República aprovou um voto de pesar pelo falecimento, por exemplo, de Yasser Arafat (voto de pesar nº 220/IX de 18/11/2004) e de Hugo Chávez (voto de pesar nº 110/XII de 8/3/2013), assumindo, assim, uma posição a respeito de figura públicas – uma do Médio Oriente e outra de um país da América Latina - sobre as quais a história não é consensual nem pacífica…

António Filipe, do PCP, rejeitou o voto de pesar uma vez que recusava qualquer «tentativa de reescrever a história» ou de «ajustar contas com o passado» e que «Os factos históricos não podem ser objecto de julgamento político, que um século depois não faz qualquer sentido».

Sentir pesar pela morte de alguém é diferente de julgar e condenar nos tribunais os responsáveis por essa morte – isso sim, é que é ajustar contas com o passado…

Que El Rei D. Carlos e o Príncipe Real D. Luís Filipe descansem em Paz!...

Reis.PNG

 (1) Sobre este tema veja-se o que já escrevemos:

O Regicídio - “Lisbon’s shame!”

http://risco-continuo.blogs.sapo.pt/506715.html

Não, não esquecerei este hediondo crime! O Regicídio. 

http://risco-continuo.blogs.sapo.pt/nao-nao-esquecerei-este-hediondo-crime-570072

 

 

Não, não esquecerei este hediondo crime! O Regicídio.

José Aníbal Marinho Gomes, 01.02.14

«O horrível drama de Lisboa, página trágica da História, sangrento episódio da luta de um povo e dos seus governantes, desencadeou em todo o mundo civilizado uma reprovação unânime. Tais crimes não se podem desculpar pela paixão política, e aqueles que ao virar da esquina, atiram sobre um soberano não podem aspirar a ter outro nome que não o de assassinos.(...) Todo o comentário é, de resto, supérfluo quando se trata de semelhantes actos, tão bárbaros quanto inúteis, dado que o soberano desaparecido deixa, no próprio terreno, um sucessor

Le Petit Journal, Paris, 3 de Fevereiro de 1908

 

Faz hoje 106 anos que El-Rei D. Carlos e seu filho D. Luís Filipe, foram bárbara e covardemente assassinados, por dois criminosos, a soldo da República. Morreram pela Pátria!

Não, não esquecerei este hediondo crime!

Não é a primeira vez que escrevo sobre o tema, mas nunca é demais recordar, para que as novas gerações não se esqueçam que em pleno séc. XX, em Portugal se cometeu um CRIME, o assassínio de um Rei, legítimo chefe de Estado de Portugal e do jovem herdeiro da coroa, seu filho primogénito.

Foram emboscados e abatidos como se de presas de caça se tratassem, por dois infames assassinos, de acordo com um plano previamente estabelecido pelos cabecilhas republicanos e que teve o apoio de alguns dissidentes monárquicos.

Não, não esquecerei este hediondo crime!

O sistema político que vigorava desde a Regeneração estava desgastado (à semelhança do que acontece hoje em dia), pois resumia-se à alternância de dois partidos no Poder, o Partido Progressista e o Partido Regenerador (hoje em dia a alternância é entre o PS e o PSD-CDS).

Os Republicanos e os dissidentes monárquicos elegeram o Rei como alvo, atribuindo-lhe a culpa por toda a instabilidade que se vivia. Os primeiros porque queriam a mudança do regime, os segundos porque deixaram de ter influência política.

Não, não esquecerei este hediondo crime!

Como pode um regime ser considerado legítimo, quando na sua origem tem o sangue de um patriota, que amava como poucos o seu país e do seu filho, que estava preparado para ser o melhor Rei da Europa?

Não, não esquecerei este hediondo crime!

Com que direito se assassina um filho à frente de uma mãe, que apenas com um ramo de flores na mão enfrentou um dos matadores?

Não, não esquecerei este hediondo crime!

O Regicídio marcou o fim de uma tentativa de reforma da Monarquia Constitucional, que el-Rei pretendia levar a cabo, e precipitou a queda do regime. Logo como se pode considerar legítimo um regime que ascendeu ao poder por via criminosa e que nunca foi referendado?

A Europa ficou chocada e atónita, levando este criminoso acto a que diversos chefes de Estado e de Governo protestassem veemente, uma vez que D. Carlos era muito considerado.

Não, não esquecerei este hediondo crime!

Mas afinal o que trouxe a república de 1910 aos portugueses, senão uma nova escalada de violência na vida pública do País? Vitupérios e insinuações, ofensas ao Chefe de Estado, perseguição à imprensa com encerramento de jornais, o parlamento de partido único, caciquismo, burla, a depreciação da mulher, os presos políticos – enchente nas prisões desde 1910 – protestos na imprensa estrangeira – acusações de tortura e envenenamento dos presos políticos, os assassínios políticos, etc., sem esquecer o anti-jesuitismo e a perseguição á Igreja Católica, políticas levadas a cabo pelo biltre Afonso Costa que em 1910 afirmava que acabaria com a religião em duas ou três gerações.

Não, não esquecerei este hediondo crime!

Se a monarquia constitucional tivesse progredido e aperfeiçoado, e se em Portugal actualmente o regime fosse Monárquico, presumivelmente não teria existido o Estado Novo e 48 anos de ditadura salazarista (que os actuais dirigentes republicanos insistem em afirmar que não foram república mas, Monarquia é que não foi), e, consequentemente, o nosso país teria um grau de desenvolvimento semelhante ao dos restantes países monárquicos da Europa, que apresentam uma democracia muito mais forte e consolidada.

Mas não; não deixaram que isso acontecesse e o resultado está à vista nos nossos dias: Políticos incompetentes, compadrio e corrupção!

D. Carlos, numa carta a João Franco em 1907, escrevia «Não é homem de Estado, nem sabe servir o seu País aquele que, julgando ter afirmado um erro, se não penitencie dele e não esteja pronto, reconhecendo-o, a seguir caminho diverso que julgue mais oportuno e conveniente».

Mas, os políticos portugueses persistem no sistema….

Não, não esquecerei este hediondo crime!

Morreram Pela Pátria. Que descansem em paz!

Viva o Rei!

«Mas era um tirano o rei que mataram? Tirano o jovem príncipe de 20 anos, exuberante primavera que só pode sorrir? Oh, retórica de Brutos, envenenados de frases, saturados de ódio imbecil. Mesmo se o rei fosse culpado - e isso está longe de ser provado - e que o filho estivesse preparado para ser culpado arbitrariamente, as vossas pistolas e as vossas carabinas absolveram-nos

Corriere della Sera,  Roma, 3 de Fevereiro de 1908

 «Se algum dia mandarem embora os reis vão ter de voltar a chamá-los»

Alexandre Herculano

O Regicídio - “Lisbon’s shame!”

José Aníbal Marinho Gomes, 01.02.13

Foi há 105 anos que no dia 1 de Fevereiro de 1908, teve lugar o assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe. Este acto bárbaro, baptismo de sangue da República que em nada deve orgulhar os portugueses, precipitou o fim da monarquia constitucional no nosso país e anulou uma última tentativa séria de reformas em Portugal, impondo um regime que era apenas pretendido por uma minoria e que nunca foi referendado, resultando unicamente de um golpe de Estado que, pelas armas, substituiu um regime por outro e que trouxe uma nova escalada de violência na vida pública do País.

Em 1908 vigorava a Carta Constitucional e, para além de liberdade individual e colectiva, existia liberdade de associação e de expressão. A comunicação social de 1908, à semelhança do que acontece nossos dias, era hábil em crucificar pessoas na praça pública e sem culpa formada. A propaganda republicana não descansou enquanto não denegriu a imagem do Rei, contando para o efeito com a colaboração de alguns que se declaravam monárquicos e estavam melindrados com o monarca.

Os republicanos temiam as reformas em curso e sobretudo Dom Carlos, astuto diplomata e estadista de excelência. El-Rei era patriota e defensor da liberdade, tendo-se destacado nas artes como um pintor de grande qualidade e sensibilidade extrema e um cientista oceanográfico de reconhecidos méritos que ultrapassou fronteiras.

A 1 de Fevereiro de 1908, após uma estadia em Vila Viçosa, D. Carlos e o Príncipe D. Luís Filipe, regressam a Lisboa e, apesar do clima de enorme tensão que se vivia na capital, D. Carlos preferiu seguir numa carruagem aberta, praticamente sem escolta, apenas com os batedores protocolares e um oficial a cavalo, ao lado da carruagem do rei, que trajava o uniforme de Generalíssimo, pretendendo com esta atitude, mostrar ao povo alguma normalidade.

No trajecto el-Rei e D. Luís Filipe são bárbara e covardemente abatidos pelos assassinos a soldo da república (que ainda recentemente alguém os pretendia considerar heróis), o braço armado da Maçonaria – a Carbonária.

Não podemos contudo esquecer que existiram outros implicados na trama assassina os quais, pelo menos da fama, não se livram: são eles Alberto Costa, Virgílio de Sá, Domingos Fernandes, Aquilino Ribeiro e, quanto a este último está sepultado desde o dia 19 de Setembro de 2007 no panteão nacional (pasme-se...).

De igual modo não pode cair no olvido a tenebrosa personagem que foi José Maria Alpoim, que dizia que em Portugal só existiam duas pessoas com conhecimento total do que se passou no Regicídio, sendo ele uma delas, pois sabia em que casa teve lugar a reunião preparatória e onde se efectuou a troca ao Buíça do revólver pela carabina.

Pelos relatos históricos sabemos que a Rainha D. Amélia, de pé na carruagem fustigou com um ramo de flores que trazia na mão, um dos regicidas, gritando ao mesmo tempo “Infames! Infames!”. Aliás esta imagem correu mundo nos jornais da época.

No Arsenal, para onde foram levados os corpos, a Rainha D. Maria Pia, mãe de D. Carlos disse devastada a D. Amélia: “Mataram-me o meu filho” ao que D. Amélia respondeu: “E o meu também.”

A extrema violência deste acto deixa a Europa revoltada, não só pelo facto de D. Carlos ser uma figura estimada pelos restantes Chefes de Estado europeus, mas também pelo facto de se ter tratado de um acto orquestrado por uma associação secreta e assassina “a carbonária”.

A imprensa internacional publicou imagens do atentado, com base em narrações que iam chegando. Em Inglaterra escrevia-se “Lisbon’s shame!”.

O Juiz Alves Ferreira iniciou e presidiu ao 1.º inquérito ao regicídio, seguindo-se-lhe José da Silva Monteiro e o Dr. Almeida de Azevedo que, após dois anos de investigação, concluiu ter sido o atendado cometido por membros da Carbonária, que pretendia assim derrubar a Monarquia. O Julgamento estava marcado para o dia 25 de Outubro de 1910, mas acabou por não acontecer em virtude da implantação da república dias antes, pelo que não houve qualquer tipo de condenação para os implicados sobrevivos.

O processo acabou por ir para às mãos de Afonso Costa, na altura ministro da Justiça do Governo Provisório, após o que se lhe perdeu o rasto. Também D. Manuel II era detentor de uma cópia, que providencialmente desapareceu pouco antes da sua morte em 1932, na sequência de um roubo à sua residência em Inglaterra.

Este hediondo acto removeu da cena política portuguesa um grande estadista que se encontrava em posição de estimular e o refundar o regime, e com ele o seu auspicioso sucessor, Dom Luís Filipe, pessoa muito culta, e muitíssimo bem preparada para assumir os destinos do País. 

Através de eleições nunca a república seria implantada em Portugal, pelo menos nessa altura. Basta vermos os resultados eleitorais obtidos pelo Partido Republicano nas eleições do dia 5 de Abril de 1908, que num total de 157 deputados, conseguiu apenas eleger 7 deputados.

Assim, só eliminando o Rei é que os republicanos conseguiriam implantar a república mas como com a perpetração deste acto não conseguiram os seus intentos, de novo surgem com as suas intenções de derrubar o regime pela força – o que acabam por conseguir, em 1910.

O regicídio permitiu a implantação da república.

E à 1ª república, violenta e sanguinária, sobreveio a 2ª república, da ditadura salazarista e do Estado Novo. E à 2ª república sucedeu a actual 3ª república, falida e corrupta.

Em 1 de Fevereiro de 1908 assassinaram o Rei e o príncipe herdeiro.

Em 5 de Outubro de 1910 mataram Portugal. Desde então o nosso País deixou de ser Portugal e transformou-se na República Portuguesa (é assim que nos identificamos nos documentos oficiais e nas relações com os outros países).