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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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Camilo Lourenço e o Orçamento de Estado

JFD, 16.10.13

Ouvi Camilo Lourenço, na "Cor do Dinheiro", dizer que o OE é duro mas que é preciso cumprir a qualquer custo. Que as pessoas têm de entender que o Estado tem de cortar na despesa. Tudo bem, aceito. Gostava era de ouvir Camilo Lourenço falar das PPPs, dos setores protegidos do Estado, da banca, dos bancos, etc. Aí não toca. Um comentador económico que não toca nos "intocáveis" não é um comentador, é um assessor ministerial. Para isso já temos as comunicações do governo ao país. 

Porta-vozes de peso

João Eduardo Severino, 11.03.09

O Partido Socialista está a renovar as vozes do combate à desgraça. Porta-vozes têm sido mais que as palmas do último congresso. E depois de José Lelo, Vitalino Canas e Alberto Martins, eis que temos aí vozes de peso, ou seja, com mais de 70 quilos. Jorge Sampaio e Carlos Candal são as novas aquisições para anunciar o que outros dignatários do partido já rejeitam. Sampaio apelou à maioria absoluta, caso contrário é a biscrise. Candal, bem, este foi mais Jackie Chan. Veio ao chuto no Manuel Alegre. Penso mesmo, que a chutar desta forma ainda acaba por ser contratado pelo Sporting...

A tenda

João Eduardo Severino, 26.02.09

Ontem, no Parlamento, o Governo foi confrontado com os gastos sumptuosos espelhados através de uma tenda que é armada cada vez que o primeiro-ministro se lembra de mais uma jornada de propaganda, perdão, cerimónia de assinatura de contrato para uma obra pública. Paulo Rangel acusou o Executivo de Sócrates de gastar cerca de 500 mil euros em cada cerimónia da especialidade. A terreiro defensivo saltou o ministro Mário Lino, que depois de almoço vocifera umas frases pouco perceptíveis e das quais se conseguiu perceber apenas que contestava a acusação dizendo que as cerimónias têm custado cerca de 50 mil euros. Ao fim da tarde, e antes que os jornais trouxessem mais uma manchete com outro 'pinóquio', o Ministério das Obras Públicas emitiu um esclarecimento, no qual se ficou a saber que, afinal, Rangel tinha razão. O dispêndio é de 500 mil euros para os comes e bebes... mas o Ministério emenda as más-línguas dizendo que o meio milhão inclui toda a promoção e informação devida ao empreendimento. Pois...

Uma falsa questão

João Távora, 12.02.09

Não me parecem justificadas as preocupações auscultadas de dentro do Partido Socialista sobre a sua estratégia de confrontação à Igreja por via das bandeiras assumidas pelo casamento dos homossexuais ou a eutanásia. É que para além da influencia da Igreja hoje em Portugal não ser decisiva, não me parece que a sua doutrina obtenha grande eco dentro do espectro do eleitorado que o PS pretende seduzir.
Assim, a estratégia de propaganda do partido do governo passa por duas grande prioridades: recuperar a sua imagem à esquerda, à boleia dos temas fracturantes, e abafar tanto quanto possível o tema da crise económica e das suas cada vez mais incomodas e omnipresentes consequências. As “questões de consciência” têm por natureza um grande potencial mediático: fazem muito barulho e podem constituir-se numa útil e espessa cortina de fumo face aos problemas reais do país. Para os quais o Partido Socialista definitivamente não tem soluções.

Medidas «à príncipe João»

José Mendonça da Cruz, 09.02.09

Sócrates é o príncipe João, sem a desculpa de ser John Cleese.

 

Quem reeleger Sócrates pode contar com as suas «medidas Robin dos Bosques».

O que é uma «medida Robin dos Bosques» na versão Sócrates? É a medida que no tempo histórico teria sido tomada pelo príncipe João: mais impostos a acrescer a impostos asfixiantes, mais confisco para acudir a gastos perdulários.

Entendamo-nos: Robin dos Bosques era um nobre, espoliado como fora espoliado o povo, e que, em defesa do povo, rouba ao tirano príncipe João, que considera um usurpador, para dar às vítimas e se ressarcir. Robin dos Bosques era um cavalheiro, e era sério. Sócrates é mais o príncipe João.

A crise da crise da crise

João Távora, 29.01.09

Com o inesperado exacerbar das suspeitas de envolvimento José Sócrates no caso Freeport, para mais "importadas" duma missiva do “mundo civilizado” de onde não se conhecem as queixas ao funcionamento da justiça, parece-me que o nosso primeiro ministro fica definitivamente fragilizado para os desafios que a trágica conjuntura económica promete. Com ou sem eleições antecipadas, o problema dele agora é o de enfrentar uma inglória luta contra o tempo da justiça, na perspectiva duma sua clara ilibação a tempo de disputar as eleições.
Bem sei que eles nos queriam a todos, do Minho ao Algarve, a discutir o casamento dos homossexuais entre copos de Gin Tónico, de preferência no Bairro Alto ou na 24 de Julho. Mas o problema do país é outro, é o da crise Freeport, que acontece sobre uma grave crise financeira, sobreposta à nossa crónica crise estrutural, arrastada por muitos governos, quase todos tão socialistas como ineficazes.
Creio que o descrédito dos portugueses nos políticos e nas suas instituições bateu no fundo. Assim, não antevejo saída deste lamaçal que não passe por uma regeneração profunda ao sistema, um projecto patriótico de Salvação Nacional que com autoridade resgate os seus principais protagonistas – os portugueses.

A vez de António Costa?

José Mendonça da Cruz, 26.01.09

E a propósito, conspirativamente, insidiosas, algumas perguntas sobre o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa: coordenou a moção de estratégia do PS porquê? Acha que a colagem ao governo o beneficia nas próximas eleições autárquicas? Ou dá-as por perdidas e parece-lhe oportuno ir marcando lugar à frente nas fileiras partidárias? Ou pensa, ainda, que Sócrates está condenado, e pôs na agenda lustrar o seu papel de sucessor putativo, com a intervenção e fidelidade nas más horas que um sucessor deve ter?

Com perguntas como estas fica-me o optimismo à mostra. Mas ver destacar-se uma ou outra resposta, e verificar como os media protegem ou não o herdeiro, é interessante demais.

Olhem para as estrelas, pensem no amor

José Mendonça da Cruz, 26.01.09

 

Gays - a grande prioridade segundo o PS

 

A moção estratégica do PS, apresentada na passada semana, tem dois pontos fortes: o casamento homossexual (tema que Sócrates descartou há 3 meses mas quer pôr à proa agora) e a regionalização.

Na RTPN, empolgado com o documento (sabem como é, é quando os militantes acham que «esta é que os cala», «isto é que é falar», «agora é que é») um editor da Lusa exclamava que a moção marcara a agenda, que já ninguém se lembrava de outros temas senão dos da moção.

Mas não. O casamento homossexual esbarrou na discrição da Igreja, e a coisa esvaziou-se por ali. E a regionalização encontrou uma inesperada serenidade no PSD, e não se acendeu a discussão.

De súbito, em vez dos bolos com que se previa distrair os tolos, a agenda fixou-se, empedernida, na crise, na má gestão, nas más previsões, nos péssimos indicadores, em investigações luso-inglesas.

E eis aqui, singularmente, uma razão de optimismo: a propaganda não bastou e a manobrazita não colheu.