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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

o bom juiz regressou aos quiosques

Flávio Gonçalves, 19.09.14

Encontrei à venda o 1º número da "Juiz Dredd Megazine". Os leitores mais atentos encontrarão alguns "ovos de Páscoa" se a lerem com atenção, como por exemplo - na página 66 - o letreiro do "Condomínio Ezra Pound". Edição brasileira da Mythos Editora, agora distribuída mensalmente em Portugal, já "assinei" a minha no quiosque onde costumo saciar o meu vício em banda-desenhada. Claro, no mundo capitalista actual o editorial deste 1º número faz o apelo: se a revista não vender bem é para acabar, por isso sugiram a amigos, parentes, colegas, inimigos, etc.

A minha opinião sobre o jornal i

João Távora, 22.05.09

...que acompanho desde o seu início, é de que este se parece com uma pequena “revista” diária, com uma qualidade acima da média e um grafismo requintado. Ora, acontece-me que a sua leitura, que considero agradável, me deixa "atravessado", não "mata" o meu desejo de procurar um periódico, digamos, “clássico”; com o tradicional noticiário de política, sociedade, local e desporto; com calendário, tabelas classificativas e o diabo a sete. De resto, gosto particularmente da edição de fim-de-semana, não só porque tenho então mais tempo para lê-lo, mas por causa da supimpa revista colecionável que traz - aguardo com curiosidade algum tema pelo qual eu nutra maior afinidade.
Após o célebre recrutamento on line de um ilustrador, o aspecto que mais me desiludiu foi a ausência de Banda Desenhada digna desse nome: no i, não encontramos nem um gag, nem uma tirazinha, nem uma caricatura, para além daquela inusitada rubrica ilustrada nas páginas centrais. Tanto espaço para tão pouco...
Para além de eu considerar esta forma de expressão artística tão ultrapassada quanto os próprios jornais, tenho para mim que são estes ainda o seu suporte por excelência, e que a Nona Arte, em conjunto com outros conteúdos gráficos, pode proporcionar cativantes momentos de puro entretenimento. Parece-me que a maior parte dos editores dos jornais não tem sensibilidade alguma para o assunto: quando publicam “bonecos” não importados, mesmo dirigidos aos mais pequenos são sempre estranhíssimos, meio impressionistas ou “alternativos” com pretensões intelectuais. Eu para puxar pelo intelecto vou ao Museu do Chiado e ando a ler o Em Busca do Tempo Perdido, que ainda não cheguei a meio. 
De resto esta é quanto a mim uma lacuna generalizada na imprensa portuguesa, que continua sem conseguir seduzir as gerações mais jovens e que se recusa entreter os mais velhos com coisas saudáveis. Que eu saiba em muitas casas ainda se consome histórias aos quadradinhos. Talvez não sejam exemplo, mas os meus miúdos ainda se divertem a ler um “patinhas”, um Tintim ou uma tira do Calvin, actividade que constitui uma salutar alternativa ao computador e à televisão.

Vasco Granja 1925 - 2009

João Távora, 05.05.09

Ainda chego a tempo de me juntar ao coro na homenagem a Vasco Granja: Recordo-o com saudade tanto da revista Tintim (uma instituição juvenil-urbana das décadas de 60 e 70) quanto dos programas “Cinema de Animação” dos anos 70 na RTP que eu seguia fascinado mesmo quando as fitas eram checoslovacas ou soviéticas (mas sempre na expectativa de um divertida amercanada).

Saudades de Segar

José Abrantes, 18.01.09

É minha leitura regular os vários álbuns - edições francesas - de Popeye, escritas e desenhadas pelo seu criados, Elsie Crisler Segar, seu criador. São muitas e muitas tiras com um inigualável humor, narrativa e personagens extremamente complexas e divertidas, em situações e "embrulhadas" dificilmente inextricáveis, onde o génio está permanentemente presente. O desenho - e as personagens - são intencionalmente feios, os diálogos e as relações entre eles são abomináveis, com quase ottal ausencia de afecto, a não ser entre o herói e swee' Pea, seu filho mais achado que adoptivo, ou com o seu pai, que o hostiliza em aberto e despudoradamente. Olive Oyl, sua eterna(?) namorada, é de um vazio moral e de uma frivolidade rasca, e aparentemente não há uma única personagem, masculina ou feminina que, pelo menos uma vez, não lhe tenha pregado uma murraça, merecida ou não. O único que parece ter laivos de inteligencia é J. R. Wellington Wimpy, o mais oportunista de todos. mesmo assim, é de realçar a total honestidade que é comum entre todos.

Popeye é um rústiquissimo marinheiro de poucos interesses e de "filosofia" básica, com uma força brutal natural, por vezes condimentada pela ingestão de espinafres. Surgiu pela primeira vez na série Thimble Theater, dez anos volvidos do seu inicio. No começo, era um medricas apavorado pela própria sombra, até descobrir a sua hercúlea força.

Morto Segar, com uma leucemia, com pouco mais de 40 anos, a série e o seu herói foram catapultados para um imenso sucesso por desenhos animados de qualidade irregular e muito discutivel e por outros artistas pouco inspirados e que pouco mais faziam que repetir até á exaustão uns poucos tópicos legados pelo autor original.

Popeye acaba de fazer 80 anos.

Para mais esclarecimentos sobre E. C. Segar recomendo uma visita  a este sítio.

 

Ilustração: segmento da tira onde Popeye surge pela primeira vez.

Saudades de Coq

José Abrantes, 15.01.09

 

 

Nos idos de sessenta, muitos fins de semana e mesmo semanas de férias passei em casa da minha avó materna, rodeado por tudo o que era bom. As chatices da vida surgiram sobretudo depois de passada a minha infância. Uma das coisas que me deliciava nesse bom ambiente familiar eram as variadas leituras, entre as quais eu tinha uma preferência pelas revistas Jours de France, que era então adquirida regularmente. Essa fútil revista era antro de um grande cartoonista e banda-desenhista, que assinava simplesmente como Coq. Havia a sempre presente tira do cão Azor, sempre elegantes e muito bem humoradas, e as pranchas do Dr. Gaudéamus, cientista que se transformava em bebé, e que eram desenhadas sob o guião do grande Goscinny. Estas pranchas não as sabia ler, que eram em francês, mas quedava-me perante os desenhos, tentando adivinhar a acção, o que era quase impossível, visto Goscinny favorecer sobretudo o diálogo em detrimento da acção. mas não fazia mal. os desenhos faziam-me sonhar!

Pesquisando mais tarde sobre o autor, encontrei este simples mas esclarecedor texto, que aqui vos remeto, com gosto e saudade.

A ilustração no topo é de Coq, claro, mas infelizmente, por mais que pesquisasse, não encontrei imagem nenhuma do bravo e querido Azor que sei, mesmo assim, ter tido as honras de um álbum com mais de cem páginas... Provavelmente um integral das suas tiras...

Tintim no país dos Sovietes

José Abrantes, 10.01.09

Comemoram-se agora precisamente 80 anos desde o inicio da publicação desta primeira aventura de Tintim, no Petit Vingtiéme, na Bélgica. Baseado muito livremente em Moscou sans Voiles, livro de um antigo diplomata que testemunhara algumas das barbáries soviiéticas e as passara para livro, esta primeira aventura de Tintim foi logo de inicio um sucesso retumbante.

E há razões para isso. Embora tenha sido muito mal tratado durante décadas, acusado de anticomunismo primário - já repararam que sempre que algo ou alguém é anticomunista, é logo por eles apodado de "primário"? - de leituras fácil e trabalho de principiante, esta obra tem ganho, cada vez mais, admiradores e estudiosos que de página a página vão descobrindo assuntos novos, qualidades reveladas, enfim, cada vez mais se torna num livro de culto!

Não é que nao o tenha sido desde o inicio! Rápidamente esgotado, a sua reedição tardou 50 anos a aparecer. E mesmo assim vai merecendo sucessivas novas edições, que se vão alegremente esgotando.

O que terá assim de tão bom? O desenho, sobretudo, que já se afirmava então como nítido, fluido e dotado de movimento. A denuncia - muito ingénua mas flagrante - de muitas injustiças sociais decorridas no País dos Sovietes! para os muito iniciados, caricaturas em personagens e em nomes de pessoas que frequentavam Hergé, os filhos da imperatriz Zita, etc! Também, naturalmente, o livro tem o mérito de sero  primeiro de uma obra que viria a ser muitas vezes pontuada de obras-primas.

O que terá de mau? A leitura. a história, feita num total improviso de semana a semana, é muito frouxa, o humor raramente nos permite esboçar um sorriso que não seja de condescendencia, e o facto de pouca acção se passar realmente na URSS.

Aconselho viva e entusiásticamente, mesmo assim, a sua leitura. As edições Verbo têm uma excelente edição da obra.

Tintim - Aniversário à vista

José Abrantes, 05.01.09

Será neste próximo dia 10 de Janeiro que Tintim celebrará 80 - oitenta - anos! Ignoro ainda que celebrações o esperam, mas é previsivel os balanços biográficos do autor - sempre a sua questão "colaboracionista", oportunamente vinda ao de cima pela canalha da esquerda, o sucesso literário - quantos heróis da cultura humana foram tão apreciados e celebrados por tantas gerações seguidas!? - das Aventuras de Tintim, de Milu e dos seus restantes amigos e comparsas?

 

Recordo com doçura a correspondencia que tentei trocar com o Mestre, já no fim da sua vida, e das imagens que ele me enviou, e uma das quais aqui vos exibo orgulhosamente.

A Tribo do Leão Verde

José Abrantes, 28.12.08

 

 

As tribos dos Porting, das Antas e os Aguiar costumam rivalizar para merecer as melhores atenções, do deus comum, o Grande Sport! Bola, a encarregada de cumprir umas heroicas etapas pelos Porting recorre ao auxílio de Enanenes que, por sua vez, pede ajuda a Homodonte e ao seu irmão, Táurio! Várias peripécias e gags recheiam esta narrativa, que já se encontra a meio, tanto da escrita como do desenho;

 

Trata-se do terceiro livro das Aventuras de Homodonte, série que assino há já muitos anos, mas que desde há uns 3 anos apenas comecei a editar me álbum. Como é costume nesta série específica, costumo partir para o desenho com um parco punhado de ideias soltas, trabalhando num improviso quase completo. É sempre como que um jogo, um desafio, ver como ou quando as pontas começam a juntar-se, a ter uma ordem lógica! Neste caso, esta aventura será a primeira que ocupará inteiramente um álbum, ao contrário dos anteriores que tinham várias histórias, cada um!

 

Os manos Homodonte e Táurio são dois jovens cavernícolas de uma época remota mas totalmente imprecisa, havendo uma quase total falta de documentação, à parte umas noções reconhecidamente limitadas sobre a pré-história! Qualquer animal, planta ou artefacto utilizados nesta série são vagamente aparentadas com algo que se conheça, quer em museus, livros ou documentários televisivos! A aventura que, como referi, já se encontra a meio da sua elaboração, ainda não tem editora.

 

Ilustração - Excerto da imagem da capa do livro.

 

Auguri - Vittorio Giardino

José Abrantes, 23.12.08

Tornei-me amigo deste grande senhor da Bd italiana ( e mundial, evidentemente!) há uns quatro anos, aquando da sua visita ao Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora. Foram muitas as suas manifestações de amizade que me expressou e que nunca esquecerei. Mas já era de muito antes a cega admiração que nutro pela sua obra, sobretudo pelas séries Max Fridman, Jonas Fink e a complexa e imaginativa obra "Férias Fatais", parcialmente editada em português.

Partilho convosco a imagem de Boas-Festas que me enviou, via e-mail.