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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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O 5 de Outubro que a República Silenciou!

José Aníbal Marinho Gomes, 07.10.25

Nas suas declarações de 5 de Outubro, António José Seguro exaltou a República como “um compromisso com uma vida digna para todos”. Mas esqueceu que o verdadeiro 5 de Outubro marca a fundação do Reino de Portugal.

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“5 de Outubro de 1143 — o verdadeiro nascimento de Portugal.”

António José Seguro afirmou neste 5 de Outubro que “a República é um compromisso com uma vida digna para todos os portugueses”. Uma frase que soa nobre, mas que rapidamente se desfaz quando confrontada com a realidade que o próprio descreve: urgências hospitalares encerradas, habitação inacessível, salários insuficientes, pobreza crescente e jovens forçados a emigrar. Seguro utiliza a efeméride republicana para reforçar um discurso moralista e retórico, sem nunca apresentar soluções concretas para estes problemas, transformando as suas palavras em mera propaganda de ocasião.

Mais grave ainda é o esquecimento histórico que acompanha estas declarações. O 5 de Outubro não é apenas a data de 1910; é também, e muito mais profundamente, o 5 de Outubro de 1143, dia em que Portugal nasceu como Reino independente, com D. Afonso Henriques reconhecido como Rei no Tratado de Zamora. Essa é a verdadeira fundação da Pátria, o acto que nos deu nome, fronteiras e destino. Ignorar esta data é esquecer as nossas raízes, e celebrar apenas a implantação da República equivale a glorificar a ruptura e a instabilidade.

As palavras de Seguro, embora bem-intencionadas, confirmam involuntariamente o fracasso do próprio regime que defende. Passados mais de cem anos, os problemas que ele denuncia continuam sem solução estrutural. A República prometeu dignidade, justiça e igualdade, mas a realidade demonstra um país marcado por desigualdades, decisões de curto prazo, ciclos eleitorais efémeros e uma gestão frequentemente ineficaz. O discurso de Seguro evidencia a distância entre as promessas do regime e os resultados práticos que dele decorrem.

Enquanto isso, o verdadeiro 5 de Outubro — o de 1143 — permanece silencioso. Foi nesse dia que se consolidou a soberania portuguesa e se iniciou uma longa tradição de estabilidade, serviço à Pátria e continuidade institucional. A Monarquia, que a República derrubou, ofereceu durante séculos segurança e moderação, mantendo a unidade do país mesmo perante desafios internos e externos. A República, ao contrário, substituiu essa continuidade por rupturas, crises e instabilidade. Celebrar apenas 1910 é esquecer a história, e um povo que apaga as suas raízes perde o rumo.

Fala-se de “compromisso com a vida digna”, mas como pode haver dignidade num país que renega o seu próprio nascimento? Que celebra a queda de um Rei legítimo e ignora o acto fundador do Reino? António José Seguro apela à esperança na República, mas essa esperança não se sustenta apenas com palavras; exige responsabilidade, visão e resultados — qualidades que o regime republicano historicamente tem falhado em assegurar.

O 5 de Outubro de 1143 foi o princípio de tudo: a independência, a identidade e a continuidade portuguesa. O 5 de Outubro de 1910 foi apenas o início de uma era de incertezas, de crises e de desorientação moral. Se queremos realmente dignidade, justiça e estabilidade, Portugal precisa de reencontrar-se com o seu Reino — com aquilo que o fez nascer, durar e resistir durante séculos. Celebrar apenas a República é celebrar a divisão; recordar a fundação do Reino é celebrar a Pátria. E é essa memória que, há séculos, a República tem silenciado.

 

 

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