Crónicas da Nau Catrineta
Parte 7
Os Portugueses e a Lâmpada do Aladino
A Lâmpada do Aladino era um objeto extraordinário.
Permitia ao seu proprietário obter três desejos, convocando o Génio, fossem eles quais fossem. Obedecendo apenas a três regras: não poderia desejar ter mais desejos, não poderia dar vida a quem já morreu e não era possível fazer com que alguém se apaixonasse (oh essa lei sagrada, a do amor verdadeiro…).
Três desejos.
Quais?
Fui perguntar a alguns portugueses comuns, quais seriam os três desejos que desejariam…
O primeiro a saltar da boca foi (imagine-se!) saúde para o próprio e para os seus.
O segundo é (sem surpresa) o Euro milhões.
O terceiro é paz no mundo, com uma ou outra exceção mais extravagante como ter poderes mágicos ou voar…
Resumindo. Qualidade de vida e solidariedade para com o mundo.
Todos queremos o mesmo.
O Euro milhões e a Saúde são denominador comum.
Todos queremos mais dinheiro, mais saúde para usufruir dos nossos.
Mais dignidade na vida que levamos, na nossa passagem pela Terra.
Então, qual é a grande dúvida?
Se todos queremos o mesmo, não vejo porque não reunir forças e trabalhar para esse fim comum.
Melhor qualidade de vida não se traduz só nos bens materiais que o comum mortal poderia comprar. Longe disso. Melhor qualidade de vida traduz-se em comer melhor fazendo opções mais equilibradas, ao invés de basear a dieta em hidratos de carbono e alimentos processados (mais baratos).
Traduz-se em obter melhores cuidados de saúde sem ter de racionar a quantidade de medicamentos ou tratamentos de que se necessita.
Traduz-se num maior acesso à cultura, melhor educação que resulta em melhores cidadãos.
Basicamente ninguém disponibilizou uma Lâmpada do Aladino a países como a Noruega, Dinamarca, Canadá ou Japão… Não foi preciso.
As pessoas consciencializaram-se que é preciso concentrar esforços num objetivo comum: talvez esta tenha sido a sua “lâmpada mágica”. Um estado forte e presente naquilo que é importante. E uma economia de crescimento em que a pessoa é o centro da questão.
É que tudo o resto vem por arrasto. Qualidade de vida produz bons cidadãos que estão envolvidos com a sociedade civil e com tudo o que os rodeia. Que estão bem integrados e que se preocupam com a sociedade, nela incluídos todos os que nela respiram e habitam. A nossa consciência eleva-se. É natural. Se estamos bem começamos também a querer olhar pelo nosso vizinho. Pelo nosso bairro, pelos espaços verdes ou infraestruturas adjacentes.
Mas tudo começa em nós. Na pessoa humana.
A primeira lição que me ensinaram na Escola Superior de enfermeiras foi: Se não estiveres bem contigo, não cuidarás bem do outro.
Levo essa lição para a vida.
É que a minha lâmpada é outra, é a da Florence. A Nightingale…
Dispenso bem a do Aladino…
Acorda Portugal. Já é dia.