Caminhos do mesmo saco
(imagem retirada daqui)
Cheias urbanas: depois de décadas de impermeabilização e ausência de medidas de retenção das águas.
Os algerozes das novas edificações já têm que estar ligadas ao pluvial directamente. Os espaços verdes, em vez de servirem para reter águas em sub-bacias muito impermeabilizadas, acabam por ser na generalidade equipamentos funcionais mas muito impermeabilizados e dotados de um completo mas convencional sistema de drenagem.
As redes sociais estão repletas de detractores dos sumidouros "mal limpos". Defende-se resolver o problema com mais sumidouros, canalizações mais largas para a água desaparecer rápido daqui e ir-se acumular necessariamente lá mais em baixo...
A mesma reacção perante uma fila de tráfego: solução? Mais faixas de rodagem, mais túneis, para o tráfego escoar daqui rápido, mesmo que se acumule lá mais à frente...
Lixo? A solução são mais caixotes, mais recolha de resíduos, com mais "almeidas", se possivel todos os dias e fins de semana incluidos, para se poder deitar fora o lixo que se quiser e quando se quiser...
O caminho não é com "mais". O caminho tem que ser menos. Senão não funciona e o Planeta não aguenta. Nem a nossa carteira, que todos estes caminhos do "mais" são caríssimos.
Lembro-me de ter visitado Bordéus onde o PDM vincula a retenção de águas, em todo e qualquer equipamento, para reduzir as cheias nas zonas baixas da Cidade. E conseguiram consideravelmente. Com menos canalizações, com menos sumidouros.
Estas duas imagens explicam sucintamente o conceito. Sim, quando chove muito a água acumula-se, anda à superfície. É incómodo? É melhor que os prejuizos habituais nas lojas da baixa de Bordéus. Em Lisboa a aplicar sem falta numa outra Praça de Espanha, num outro Sete-Rios e afins. A baixa de Alcântara ou a Rua de S. José agradecem.