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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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A investigação do Parlamento Europeu à actuação da troika e as declarações do eurodeputado José Manuel Fernandes

José Aníbal Marinho Gomes, 07.01.14

Está em Portugal uma delegação mandatada pelo Parlamento Europeu para efectuar uma investigação à actuação da troika no nosso país.

Esta investigação, embora tardia, insere-se numa averiguação global que o Parlamento Europeu pretende realizar à actuação da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) nos países sob assistência financeira.

A delegação é constituída por nove eurodeputados da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, e integra os portugueses Diogo Feio (CDS-PP), José Manuel Fernandes (PSD), Elisa Ferreira (PS), Ana Gomes (PS) e Marisa Matias (Bloco de Esquerda).

Fiquei surpreso com duas situações.

A primeira foi a ausência do Prof. Teixeira dos Santos nas reuniões, personalidade cuja presença era obrigatória.

A segunda, e que me causou alguma perplexidade, relaciona-se com as declarações públicas do eurodeputado do PSD, José Manuel Fernandes.

Este eurodeputado para além de não conseguir libertar-se da partidarite, mal que aflige a quase totalidade dos deputados e eurodeputados portugueses, em declarações prestadas aos órgãos de comunicação social, voltou o seu discurso para o ex-ministro José Sócrates, lamentando, entre outas coisas, que o mesmo continue sem assumir erros pela sua governação, como se fosse este o motivo da investigação em curso…

Não foram poucas as vezes que critiquei na imprensa regional o governo de José Sócrates e ele próprio em particular, sempre que considerei oportuno, pelo que estou à vontade para escrever aquilo que penso.

Como o Sr. Eurodeputado José Manuel Fernandes sabe ou pelo menos devia saber, o que se pretende com esta avaliação, é conhecer o impacto das políticas de ajustamento, impostas aos países da união europeia sob resgate, designadamente se era necessário aplicar estas políticas de austeridade, que violaram e continuam a violar os direitos mais fundamentais de qualquer cidadão.

Nesta investigação, não está em causa o ex-primeiro ministro José Sócrates, que já foi julgado pelos portugueses no último acto leitoral, apesar de eu ser apologista, contrariamente ao que advoga designadamente o PSD, que quem governou contra o povo e o país deve ser julgado pelos tribunais, mas infelizmente a Lei Fundamental não o permite.

Assim não compreendo que o Sr. eurodeputado José Manuel Fernandes, em vez de estar atento como lhe compete, à actuação da Troika, defendendo o povo português e questionar esta entidade pela imposição de políticas para mercados verem, perca tempo com este tipo de questões.

Basta! Estou cheio de ouvir dizer que a culpa foi do governo anterior.

Não foi o presidente do PSD que antes de ser Primeiro-Ministro afirmou que sabia muito bem a situação em que Portugal se encontrava e que estava preparado para governar?

Sr. eurodeputado José Manuel Fernandes, deixe-se de crítica fácil e defenda os interesses dos cidadãos do seu país, estando ao lado de Portugal e dos portuguese nesta investigação do Parlamento Europeu.

Já postura diferente teve Diogo Feio, que apesar de também ter tecido algumas criticas, admite erros da troika relativamente ao cálculo do impacto social das medidas aplicadas e em concreto ao desemprego.

Pelo andar da carruagem, o Sr. eurodeputado José Manuel Fernandes ainda vai branquear a actuação da troika, e aplaudir as medidas implementadas que vão “salvar” Portugal (diga-se salvar a banca e os grandes grupos económicos e afundar os portugueses, que ficam cada vez mais pobres).

MPT sobe 60% em votos nas eleições para o Parlamento Europeu

Pedro Quartin Graça, 08.06.09

A primeira eleição de uma série de três foi ontem. No que toca às minhas cores, o Partido da Terra registou uma subida superior a 30% em percentagem e de cerca de 60% (!) em votos relativamente às últimas eleições para o Parlamento Europeu realizadas em 2004.

Subimos em todo o País, de forma clara, tendo passado de 12.000 para 23.400 votos. Não foram, é certo, os resultados que desejávamos. Mas a subida muito substancial verificada foi uma realidade que não podemos, nem devemos, desvalorizar. Esta subida registou-se em todos os distritos, sem excepção e, de forma muito substancial, no Algarve e nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.

Pessoalmente esperava mais, confesso, mas os 25 anos de actividade política já me permitem encarar todos os resultados com naturalidade e sem grande decepção. Seguem-se novos desafios eleitorais. As legislativas primeiro e as autárquicas depois. Sobre as primeiras, é o momento de refectirmos sobre as alternativas de poder que devemos encontrar para Portugal. O MPT fará essa reflexão numa perspectiva de construir uma alternativa de governação ao PS e às políticas que este representa. Acreditamos que o PS, não só vai perder a maioria absoluta, como vai perder as eleições legislativas.

Assim, é importante e necessário construir uma alternativa política que permita a eleição de deputados à Assembleia da República e a escolha de um novo Governo.

Sobre as segundas, as autárquicas de Outubro, o MPT apresentará candidaturas fortes em todo o País capazes de ganhar eleições e de ser, de forma claramente afirmativa, uma nova escolha para o Poder autárquico em Portugal.

A cruzada da SIC - Notícias contra o MPT

Pedro Quartin Graça, 24.05.09

Na primeira vez já era abuso. A segunda vez foi demais. A terceira vez permitiu que a máscara caísse de vez. Falo da SIC - Notícias e da verdadeira cruzada que esta desenvolve contra a candidatura do Partido da Terra ao Parlamento Europeu. E digo cruzada porque, não bastasse já o exercício de lamentável "jornalismo" protagonizado por Mário Crespo nos passados dias 14 e 15, de novo nesta sexta-feira no programa semanal apresentado por Ricardo Costa voltaram as estafadas afirmações sobre o MPT, agora transformado (pasme-se!) em "barriga de aluguer" do novel movimento pan-europeu Libertas, entre outras falsas considerações sobre o alegado recebimento de uma verba astronómica que nos teria feito ricos...

Estranho jornalismo este que é incapaz de compreender o que são valores e causas comuns a pessoas por essa Europa fora. Miserável postura esta que, ao invés de se precupar com os orçamentos dos partidos que gastam verbas astronómicas do erário público, de dinheiro pago por todos nós, apenas encontram problemas em escassos donativos particulares de pessoas singulares. No fundo, e para não variar, a costumeira ausência de rigor e de verdade.

A mesma ausência de rigor e de verdade, aliás, de que deram mostra os mesmos senhores quando imputaram ao Libertas a autoria de um ofensivo logotipo anti-União Europeia. Estranhando a exibição daquele bizarro logo a que pretenderam associar a candidatura do MPT, em escassos cinco minutos de busca na Internet desmontei o logro em que dezenas de milhares de telespectadores foram induzidos.

Afinal a autoria do logo não era do Libertas mas de opositores deste movimento... 

Quanto à concepção de jornalismo e de rigor da SIC - Notícias estamos falados.

Quanto ao resto, tudo será tratado nos locais próprios que a SIC - Notícias já bem conhece. 

E a pergunta surge de novo: o que faz correr a SIC - Notícias?

O porquê de esconder um candidato ou fraco rei torna fraca a forte gente

João Gomes de Almeida, 23.05.09

 

Não percebo muita coisa de comunicação política, mas ambiciono vir a perceber e lá vou fazendo uns trabalhos. A verdade é que não é preciso ser um especialista na matéria para observar a forma como o Partido Socialista tem escondido o seu cabeça de lista às eleições para o Parlamento Europeu. Vital terá sido uma má escolha?

O Rangel é candidato e aparece nos cartazes, o Nuno Melo é candidato e aparece nos cartazes, o Miguel Portas é candidato e aparece nos cartazes, o Sousa Franco era candidato e aparecia nos cartazes e o Vital Moreira? O Vital não. Em vez disso o PS optou por mostrar António Guterres, Mário Soares e José Sócrates. Vital terá sido uma má escolha?

Depois de mostrar Guterres, Soares e Sócrates, o PS mostra uma família com ar apostólico e traços a tender para o escandinavo - com certeza que se trata de uma mensagem subliminar relativa ao estado social escandinavo. Ok, esta foi muito rebuscada, voltemos pois à pergunta: Vital terá sido uma má escolha?

Tudo indica que que o PS se apercebeu que Vital Moreira foi uma má escolha e se dúvidas houvesse sobre este facto as sondagens vêm tornar tudo mais claro - o PSD está a 2% do PS, trocando em miúdos o Rangel está a 2% do Vital. Vital Moreira foi aparentemente uma má escolha.

Não contesto o mérito académico do Professor Vital Moreira, mas contesto a prestação política do candidato Vital. Não tem imagem, não tem discurso, tem uma má prestação nos debates televisivos, não arrancou eleitorado à esquerda e afastou o eleitorado de centro. Enfim, um desastre - mas um desastre útil a José Sócrates.

O eleitorado que Vital afasta só Sócrates o pode ir buscar - e o primeiro ministro sabe disso. Prefere perder as europeias para ganhar as legislativas, prefere levar o cartão amarelo agora do que o vermelho depois. É uma atitude inteligente. Com isso José Sócrates reforça a sua posição no seio do Partido Socialista, manda o Paulo Rangel e o Nuno Melo para a Europa e só tem que se preocupar com Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas - o eleitorado com quem disputa a votação.

Perante este cenário talvez Vital Moreira tenha sido uma boa escolha de José Sócrates. O líder do PS sabe que um fraco rei torna fraca a forte gente e também sabe que a forte gente pode voltar a ser forte com um rei forte, ou seja, ele próprio. Bem jogado.

O que ninguém reparou na sondagem da eurosondagem

João Gomes de Almeida, 22.05.09

 

 

O mais impressionante na sondagem que hoje veio a público sobre as eleições para o Parlamento Europeu foi que ninguém reparou nas intenções de voto nos "outros partidos". Pela primeira vez estes simpaticamente denominados "outros" partidos aparecem com 7,7 % das intenções de votos.

 

Nas últimas eleições para o Parlamento Europeu (2004) os "outros" obtiveram um simpático resultado de 4,24 %, pelo que agora quase dobram a votação. No entanto, 2 desses outros partidos não vão concorrer as estas eleições e outro deles já foi extinto (MD), pelo que os "outros" partidos que se repetem as escrutínio eleitoral representavam na altura apenas 2,68% da votação.

 

Se esta sondagem diz que há 7,7% de eleitores portugueses que dizem que vão votar nos "outros" partidos, significa que provavelmente existem 5,02% de portugueses que vão votar pela primeira vez num dos "outros" partidos que se apresentam a eleições. Curioso não acham?

 

Temos que juntar a estes dados três novos dados, desta feita políticos: o facto de terem nascido dois novos partidos políticos em Portugal (Movimento Mérito e Sociedade e Movimento Esperança Portugal) e o facto de pela primeira vez o Partido da Terra (MPT) ter campanha política de grande formato nas ruas do país e ser o único partido democrático que se opõe ao Tratado de Lisboa, capitalizando assim mais eleitorado.

 

 

Se quisermos ter como dado de relevo apenas a criação destes dois novos partidos políticos, poderíamos apontar para que cada um deles terá 2,51% de votação. Sendo que um deles poderá ter mais votos do que outro, mas de qualquer maneira qualquer um deles se coloca em terreno favorável para uma possível eleição de deputados nas legislativas. O que poderá alterar o actual quadro de representatividade parlamentar português.

 

 

Se juntarmos a isto o factor de mobilização do MPT - Partido da Terra, teremos que acrescentar a estes 5,02% os 0,4% que já teve nas últimas eleições, pelo que cada um destes partidos, dividindo aritmeticamente em três o eleitorado, poderá ter uma votação próxima dos 2%. O que iria premitir, mantendo-se este cenário nas legislativas, que estes três partidos viessem a eleger deputados para a Assembleia da República.

 

Havendo percentualmente tanta gente interessada em votar em alguns destes "outros" partidos, gostava de saber o porquê deles serem encaixados nos "outros" e não serem chamados pelos nomes. De certeza que o Pedro Magalhães sabe mais disso do que eu, mas eu fico sem compreender na mesma.

 

Ora vejamos, o Bloco de Esquerda nas eleições europeias de 1999, em lista já na altura encabeçada pelo Miguel Portas, teve 1,8 % e já aparecia nas sondagens. Será que o BE interessava à comunicação social e o MMS, MEP e MPT não interessam?

 

De certeza que esta minha análise vai ser atacada por ter omitido os brancos e os nulos. No entanto, acho estranho que alguém diga numa sondagem que vai "votar nulo" ou até "branco", mas como disse não sou um especialista. Gostava ainda de referir que falei da sondagem de hoje da Eurosondagem, mas poderia também falar da sondagem realizada entre 14 e 19 de Abril que dava 13,5% de intenções de voto nos "outros", onde estão os brancos e os nulos.

 

Vamos esperar para ver.

Pacheco Pereira e a RTP

João Gomes de Almeida, 17.04.09

"Se alguém tivesse dúvidas sobre a governamentalização da RTP e da evidente intencionalidade política do seu noticiário, - e eu acho que praticamente ninguém tem -, poderia tirá-las hoje. Compare-se o modo completamente distinto como a RTP tratou o lançamento da candidatura de Vital Moreira e de Paulo Rangel, repescando, no caso do PSD, para passar a seguir à sua apresentação, ainda este estava a falar, uma frase de Marcelo com quinze dias, mas que serve para neutralizar o anúncio, ou para o tornar contraproducente. Trabalho profissional, política de assessor de imprensa do PS, que nada tem a ver com o jornalismo. Esta gente não brinca em serviço. Já não tem vergonha e nem sequer disfarça."
 

Pacheco Pereira no Abrupto

 

Pode o telejornal da RTP até ser tendencioso em favor do governo e do Partido Socialista. Mas Pacheco Pereira não se pode esquecer da vergonha que foi a cobertura do congresso do PS por parte da TVI, que naquela altura havia acabado de estrear a TVI24. Ninguém pode negar que a TVI é laranja, até porque lhe está estampado no logótipo.

 

Mas de qualquer forma a TVI não é do estado - trata-se de iniciativa privada. A RTP sim é do estado e ao que parece, para demonstrar o seu distanciamento editorial relativamente ao governo, deveria dar pancada no PS e fazer mais alarido do que fez na apresentação da candidatura de Paulo Rangel.

 

Acontece que a escolha de Paulo Rangel é uma escolha de segunda linha. Trata-se de uma pessoa sem carisma e pouco conhecida dos portugueses. Paulo Rangel não é menos notícia por ser candidato do PSD, o candidato do PSD é que é menos notícia por ser o Paulo Rangel.

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João Gomes de Almeida, 16.04.09

"O Parlamento Europeu tem mudado muito nos últimos 15 anos. Ganhou influência e poderes. Tem hoje mais deputados e mais funcionários (nos 54 mil das instituições da Europa). Faz política a sério. Talvez por isso, o interior do Parlamento Europeu impressiona pela dimensão. Lembra em muito um grande centro comercial. Portas e mais portas, escadas, gente a circular, um cabeleireiro e um enorme corredor que claramente me pareceu ser o sítio de engate. Acho que seria possível viver dentro do Parlamento Europeu. Com uma melhor livraria, porque a que vi não chegava."

Pedro Lomba, no DN