Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

a tempo e horas

Sofia de Landerset, 22.04.13

 

As aulas, na escola primária onde anda o meu filho mais novo, começam às 9h00. 

Supostamente.

Porque às 9h10, a sala de professores ainda está bem composta, com professores a tomar café em amena cavaqueira.

São quase 9h15 quando começam a sair da sala e se dirigem às respectivas salas de aula. Sem pressa.

Nessa altura, ainda há alunos a chegar, ninguém corre para a aula. A descontracção é geral.

Sou só eu?

Sou mesmo só eu que acho isto anormal?

Sou a mãe do soldado que marchava ao contrário, e que achava que o filho era o único a marchar bem?

 

Sempre fiz questão de chegar a horas a todo o lado.

Como podem imaginar, passei também uma vida à espera de toda a gente, porque ninguém senão eu faz questão de chegar a horas seja onde for.

Tentei incutir nos meus filhos esta pontualidade, com algum sucesso.

Receio bem que os tenha sobrecarregado com um fardo injusto. Serão, para o resto da vida, os únicos a chegar a horas.

Terão de esperar por toda a gente, num exercício perfeitamente estúpido, porque ninguém quer saber da pontualidade deles para nada.

 

Ensinaram-me, a mim, que a pontualidade é uma questão de respeito, de organização e de boa educação.

Isto estaria tudo muito certo, se eu vivesse num país do Norte da Europa.

Em Portugal, nem sequer dava para fundar a Associação dos Pontuais Anónimos.

Era só eu. 

 

Esta demonstração de respeito, organização e boa educação é das piores coisas que se podem fazer. Não só porque se faz figura de urso, horas à espera dos outros, mas também porque não se pode falar no assunto.

Assim que uma pessoa aflora vagamente a questão da pontualidade, fica com a sensação de estar a fazer um número de stand up comedy mais bem sucedido do que o Ricardo Araújo Pereira.

E quem não se desmancha a rir, é porque se está a sentir ofendidíssimo.

O resultado é o mesmo: nem uns nem outros nos voltam a convidar para seja o que for.

 

A pontualidade é um sítio muito solitário.

 

 

 

4 comentários

Comentar post