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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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Papa sem História, faz História

JFD, 12.02.13

Desde o grande cisma do Ocidente, com a divisão da Igreja Católica e a luta pelo poder representante, no início do séc. XV que não ocorria a renúncia de um Papa, cabendo a Gregório XII (pontificado de 1406-1415) o papel de excecionalidade. Agora é a vez de Bento XVI um Papa que durante os quase oito anos de pontificado não soube imprimir um sentido reformador ao Vaticano. Talvez por isso a sua saída histórica seja a de um Papa sem história. Apesar de compreender e respeitar as palavras de João Pinto Bastos, não posso deixar de discordar absolutamente. Ratzinger é um teólogo de grandes qualidades da ala conservadora da Igreja Católica. O problema que deriva dessa filiação ideológica é a cisão entre um catolicismo institucional e marcado pelas representações romanas de poder e fabricação de pensamento - que se expressa nas comunicações em latim - e um catolicismo popular, dinâmico, mutável e criativo que é o vivido pelas população. A não-coincidência das narrativas tornou o pontificado de Bento XVI num vazio popular. O que importa sobretudo pensar - e tal caberá ao sucessor - é que Catolicismo se deseja no séc. XXI, se um conservador e identificado com uma lógica de preservação ideológica conventual se um Catolicismo adequado às exigências do mercado religioso. Mercado religioso, pois, porque o Catolicismo já não contém a premissa de detenção da verdade exclusiva e do domínio dos povos. O Catolicismo hoje precisa ter um discurso para este mundo, sob pena de continuar a perder fiéis para os movimentos neopentecostais prenhes de teologia da prosperidade.

 

(também ali)

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