À sapatada
Em fim de mandato e no crepúsculo de uma vida política desastrosa - uma excelente altura , portanto, para se tornar transparente e desaparecer na névoa dos tempos sem grande alarido - eis que George Bush quer ainda um encore, um canto do cisne, uma última actuação como "dono do mundo". E não encontra melhor expressão para este fogacho lapidar do que uma visita surpresa ao Iraque, esse palco de todos os equívocos que lhe ficará colado à pele enquanto viver e ao nome para todo o sempre.
Cinco anos depois da invasão e somados quase 4.000 soldados americanos mortos em combate, um número infinitamente superior de iraquianos (militares e civis) e um país em ruínas, "Bush fala das batalhas que ganhou e também das que perdeu, para dizer que não se arrepende e que continua a acreditar que pode ainda ganhar a guerra no Iraque..."
Será de estranhar que tenha sido recebido à sapatada? Por mim, só lamento que o episódio não se tenha passado na Holanda ou na Suiça. É que um bom tamanco de madeira teria sido bem mais eficaz.