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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” (Sócrates)

Fernando Sá Monteiro, 10.01.13

Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.

(Sócrates)

 

Temos, muita vez, a tentação de nos deixarmos levar mais pelo coração e pela Bondade nas acções, esquecendo que, por vezes, o seguimento do pulsar desse órgão acaba por nos trair.

Assim é com as Amizades! Há ocasiões em que pensamos que estamos a cultivar um Bem Precioso e esquecemos que há quem não pense que a Amizade está acima de meros desentendimentos e formas diferentes de sermos e estarmos na vida.

Nos momentos em que assim procedemos, há situações em que deveremos parar para pensar se não será melhor remetermo-nos novamente à nossa própria forma de viver e agir, e esquecer aqueles que, por raiva, ódios pessoais, ou ressentimentos antigos, não conseguem superar coisas passadas...

Obviamente que nem sempre teremos razão. Também é notório que certas coisas nunca se esquecem, embora possam ser perdoadas. Mas também fará parte da nossa percepção sabermos quando essas situações foram ou não matéria suficientemente grave para um desentendimento “ad aeternum”.

Quando reformulamos tudo isso, quando revisitamos essas situações, e concluímos que afinal tudo não passou de um mero desencontro ocasional de opiniões e personalidades, então será chegado o momento de optarmos e concluirmos que, efectivamente, há pessoas que não interessam na nossa vida e que melhor será deixarmos de as tentar aproximar de novo.

Afinal, muita vez, o que nos parece ser importante pode não o ser. E há pessoas que nunca mudarão, nem serão capazes de mostrar aquela superior capacidade de perdoar ou esquecer, pior ainda nunca serão capazes de admitir (mesmo que por meras acções ou breves palavras) o seu erro e a injustiça das suas afirmações.

Alguém me respondeu, quando lhe citei George Eliot e sua frase "A amizade é o conforto indescritível de nos sentirmos seguros com uma pessoa, sem ser preciso pesar o que se pensa, nem medir o que se diz.":

- Para mim, é sempre necessário "medir o que se diz!

O que essa pessoa esqueceu, certamente por distracção (pois não quero acreditar que tenha sido por falha de “sensibilidade”), é que a leitura daquela frase de Eliot deverá ser a de que não deveremos estar sempre a “medir” tudo o que um Amigo diz, esquecendo que todos nós, sem excepção, temos a capacidade de errar ou sermos injustos. E que um Amigo tem, necessariamente, que ter a superioridade de distinguir tudo isso e recordar-se de todas as outras situações (porventura bem mais graves) em que foi injusto e infeliz nas acções praticadas com o outro.

“Nunca foi um bom amigo quem por pouco quebrou a amizade.”!

Este é um ditado popular. E talvez seja bem definidor do que tem de estar contido numa verdadeira Amizade.

Por tudo isto, é provável que quando, por vezes, tentamos que um aperto de mão seja “um símbolo adequado para definir amizade”, estejamos afinal a colocar-nos na situação traiçoeira de concluirmos mais tarde que esse gesto foi inconsequente.

E que há momentos e pessoas que nunca serão importantes na nossa vida, nem nós na deles.

Os Amigos manter-se-ão sempre, nas horas boas e nas horas amargas. E esses, porque são eternos e a seiva que constrói a nossa Felicidade, nunca se deixarão levar por uma mesquinha “medição de palavras” ditas, ou por calculismos pretensamente justos. Honra aos Amigos, nos bons e maus momentos!

Para esses, a minha Eterna Gratidão, pois que sem o seu calor a minha Vida seria bem mais medíocre e destituída de sentido!

Fernando de Sá Monteiro