Como é que os jovens olham para o 25 de Abril?
Esta é uma reportagem especial feita pelo Jornal Portal Lisboa, da responsabilidade da jornalista Joana Domingues. Pedro Marques Lopes, Rodrigo Moita de Deus, Sara Medina, Adolfo Mesquita Nunes, Paulo Rosário e Ana Raquel Paradela - nenhum deles tem uma memória política do 25 de Abril, nenhum deles é de esquerda e todos eles têm uma visão diferente sobre a revolução dos cravos.
Ficam algumas frases para abrir o apetite:
Para Rodrigo Moita de Deus -“A ideia de ter defraudado as expectativas de Otelo Saraiva de Carvalho ou de Mário Tomé é algo que esta geração se pode orgulhar sem qualquer pudor”, embora acrescente com humor quando questionado sobre o interesse dos jovens por esta data – “Penso que os jovens estão especialmente desiludidos com o 25 de Abril. Este ano o feriado calha num Sábado.”
“Eu tinha 8 anos nessa data, era muito novo, mas a sensação que eu tive foi que estava a acontecer uma coisa fantástica. Que se tinha aberto uma janela qualquer, existia a sensação de que tudo poderia ser possível. Eu tenho um acontecimento que é muito marcante nesse dia. Eu vivia num terceiro andar e a minha família tinha uns amigos que eram nossos vizinhos. -relembra Pedro Marques Lopes- Infelizmente, a pessoa de quem vou falar já morreu. Esse homem estava exilado na Argélia. Era um homem ligado ao partido comunista português, nada mais distante do que a minha família era e do que hoje sou. Quando se deu o 25 de Abril eu lembro-me que a Isabel que era a mulher do Zé António que já morreu chegou a minha casa a chorar e a dizer: “O Zé António já pode regressar!”. E aquilo marcou-me, era o sinal que algo novo estava a acontecer.”
“A desilusão com a democracia não constitui qualquer problema enquanto não corresponder à vontade de substituição da democracia por qualquer outro sistema que mitigue ainda mais as liberdades individuais. O que me parece mais preocupante é que os actores políticos tendam a reduzir o conceito de democracia ao socialismo mais ou menos evidente, afastando para as margens qualquer tentativa de superação desta crise que não passe pelo reforço dos poderes estaduais – os mesmos que falharam clamorosamente nos últimos anos.” – afirma Adolfo Mesquita Nunes acrescentando ainda a sua opinião sobre a necessidade de um novo Abril e de uma nova arma que não os cravos – “Existe sempre necessidade de intensificar a protecção das liberdades individuais sobretudo num tempo em que a sua mitigação ironicamente se faz em nome da democracia. E os cravos, ou qualquer outra flor, só não serão suficientes para essa intensificação se a classe política se esquecer do residual papel que lhe deve estar confiado.”