Feliz 100.º Aniversário Madalena Sá e Costa
Senhor Presidente da República, tinha Vossa Excelência a obrigação de ter condecorado esta brilhante e distinta violoncelista e pedagoga portuense. Mas não o fez. Ao invés no dia 10 de Junho preferiu condecorar o costureiro da sua Maria, e outros que tais...Ainda se pensou que a condecoração pudesse acontecer na altura do seu centésimo aniversário, mas tal não ocorreu.
Como dizia nosso avô Aníbal Marinho: “Sempre entendemos que a quantos no decorrer da sua existência revelam virtudes excepcionais, mormente no que se refere aos domínios da Arte, merecem ser homenageados durante a sua vida e não como quase sempre acontece, depois do seu decesso, para assim poderem sentir o prazer espiritual de que seu esforço criador teve o devido eco na alma popular”.
As ocupações com as coisas do país e da governança foram imensas….primeiro o estudo dos possíveis cenários pós-eleitorais, que o impediu de participar nalguns eventos públicos, pois a situação requeria muita concentração, mas felizmente os cenários estavam todos estudados…, chegou a vez das bananas e cagarras, e por estes dias era preciso ouvir os "Tio Patinhas", os Sopranos, os Simpsons e outras individualidades. Ah! Esqueci-me que também ouviu o “emplastro”.
Mas como esta atitude vem de alguém que nunca se engana e raramente tem dúvidas, demonstra na realidade o que representa a cultura para a Presidência da Republica, com tantos assessores que para lá andam….
Como deve desconhecer quem foi esta grande figura da música portuguesa aqui vão algumas pequenas achegas.
Madalena Moreira de Sá e Costa nasceu no Porto a 20 de Novembro de 1915. Neta de Bernardo Valentim Moreira de Sá, fundador do Conservatório de Música do Porto e do Orpheon Portuense, filha da pianista Leonilda Moreira de Sá e Costa e do pianista e compositor Luís Ferreira da Costa.
Foi discípula de Guilhermina Suggia — e como herdeira do seu legado musical deu no nosso país, continuidade suas lições — e do seu pai Augusto Suggia. Conclui o curso no Conservatório Nacional em 1940, sob a tutela de Isaura Pavia de Magalhães, após o que completa a sua formação com Paul Grümmer, Sandor Végh e Pablo Casals, entre muitos outros.
Ganhou os prémios Orpheon Portuense (1939), Emissora Nacional (1943), Morrisson da Fundação Harriet Cohen (1958), Guilhermina Suggia, SNI (ex-aequo, 1966. Com a sua irmã Helena Sá e Costa manteve um duo durante 50 anos, tendo actuado um pouco por toda a Europa. Ainda com a sua irmã e com o violinista Henri Mouton formou o “Trio Portugália” a quem o País deve a audição de um grande reportório musical, passando posteriormente a quarteto com a participação do violetista belga François Broos.
Tocou em orquestras sob a direcção de Maestros como Pedro de Freitas Branco, Frederico de Freitas, Ivo Cruz, Fritz Riegger, Jacques Pernood, Gunther Arglebe, Ferreira Lobo, Pedro Blanch e Silva Pereira e integrou a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional (1966-84), Instrumentista de Câmara da Orquestra Sinfónica do Porto (1970) e a Camerata Musical do Porto que fundou (1979-89).
Possuidora de um curriculum riquíssimo, Madalena Sá e Costa desenvolveu também notável acção pedagógica no Conservatório de Música do Porto e no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga. Em Guimarães, participou em vários recitais e concertos, alguns dos quais relaizados na Sociedade Martins Sarmento.
Em 2008 publicou o livro “Memórias e Recordações”.
Faço votos para que Madalena Sá Costa celebre em 2016 o seu 101.º Aniversário, altura em que haverá um novo Presidente, de certeza bem mais sensível às questões culturais.