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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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É possível salvar a União Europeia?

Flávio Gonçalves, 26.09.14

A evolução natural da União Europeia para uma federação de Estados arrastou-se durante tanto tempo devido não só graças às várias reticências dos Estados membros em geral mas também, e principalmente, aos interesses dos Estados maiores (França, Reino Unido e Alemanha) que viram a moeda única mais como uma ferramenta útil para a consolidação da sua economia do que um passo vital tendo em vista a tão adiada federação de Estados europeus (os tão temidos Estados Unidos da Europa).

O que teria evitado a actual crise não teria sido menos UE mas mais UE, juntamente com a moeda única teria sido necessário criar uma política económica e fiscal comum a toda a UE e ir mais longe ainda, criando – a título de exemplo – um Ordenado Mínimo Europeu, um sistema de Segurança Social também a nível continental e a criação de um Senado Europeu no qual todos os Estados tivessem o mesmo poder de voto, só assim teria sido possível evitar as desigualdades que se foram acentuando e nos trouxeram ao actual estado de fim de festa. Mas como nada disto foi feito o desfecho mais provável será a divisão da UE em duas, opondo o Sul ao Norte, ou pura e simplesmente o desmantelamento da União Europeia como um todo.

A solução para Portugal podia também ter sido outra, já bastas vezes referi aqui que, dada a actual dimensão do nosso Estado, só teríamos peso na UE se, paralelamente, a CPLP se tivesse consolidado numa União Lusófona aliada por inerência aos BRICS, esta UL seria, obviamente, liderada pelo Brasil. Infelizmente, e fazendo minhas as palavras de Medeiros Ferreira, as nossas oligarquias “com um grande atraso de entendimento das coisas, muito situacionistas, defensoras dos pequenos interesses, muitas vezes mesquinhos, medíocres e imediatistas” assim não o quiseram e agora encontramo-nos presos ao Titanic europeu sem qualquer bóia de salvação.

O crescimento dos partidos eurocépticos nas últimas Eleições Europeias são um mero sintoma do provável processo de irremediável desmantelamento da União Europeia, embora a comunicação social de massas tenha centrado o seu foco no crescimento daquilo a que, erroneamente, apoda de “extrema-direita” a verdade é que muitos dos eurocépticos eleitos este ano são também do centro e da esquerda e, exceptuando dois ou três partidos mais extremistas, todos democratas. E caso a UE se salve, quem nos salvará da UE?

[Publicado no semanário O Diabo a 26 de Agosto de 2014]

Caminhos do mesmo saco

Duarte d´Araújo Mata, 23.09.14

(imagem retirada daqui)

Cheias urbanas: depois de décadas de impermeabilização e ausência de medidas de retenção das águas.

Os algerozes das novas edificações já têm que estar ligadas ao pluvial directamente. Os espaços verdes, em vez de servirem para reter águas em sub-bacias muito impermeabilizadas, acabam por ser na generalidade equipamentos funcionais mas muito impermeabilizados e dotados de um completo mas convencional sistema de drenagem. 
As redes sociais estão repletas de detractores dos sumidouros "mal limpos". Defende-se resolver o problema com mais sumidouros, canalizações mais largas para a água desaparecer rápido daqui e ir-se acumular necessariamente lá mais em baixo...

A mesma reacção perante uma fila de tráfego: solução? Mais faixas de rodagem, mais túneis, para o tráfego escoar daqui rápido, mesmo que se acumule lá mais à frente...

Lixo? A solução são mais caixotes, mais recolha de resíduos, com mais "almeidas", se possivel todos os dias e fins de semana incluidos, para se poder deitar fora o lixo que se quiser e quando se quiser...

O caminho não é com "mais". O caminho tem que ser menos. Senão não funciona e o Planeta não aguenta. Nem a nossa carteira, que todos estes caminhos do "mais" são caríssimos. 

Lembro-me de ter visitado Bordéus onde o PDM vincula a retenção de águas, em todo e qualquer equipamento, para reduzir as cheias nas zonas baixas da Cidade. E conseguiram consideravelmente. Com menos canalizações, com menos sumidouros.

Estas duas imagens explicam sucintamente o conceito. Sim, quando chove muito a água acumula-se, anda à superfície. É incómodo? É melhor que os prejuizos habituais nas lojas da baixa de Bordéus. Em Lisboa a aplicar sem falta numa outra Praça de Espanha, num outro Sete-Rios e afins. A baixa de Alcântara ou a Rua de S. José agradecem. 

 

 

Quinhentistas: pobres mas empregados

Flávio Gonçalves, 20.09.14

 Em 2012 Portugal ocupava o terceiro lugar no ‘ranking’ dos países onde ter um emprego não é garantia de poder pagar as contas ao fim do mês (à nossa frente encontravam-se a Bulgária e a Roménia). Em 2013 a Cáritas Portuguesa e a Cruz Vermelha Portuguesa confirmaram a tendência: um elevado número de pessoas com emprego a tempo inteiro já não conseguem pagar as contas e meter comida na mesa.

Pessoalmente conheço imensos casos destes e inclusive de pessoas em estado de pobreza com rendimentos mais elevados que os do ordenado mínimo nacional - que em termos europeus é miserável e terceiro-mundista, coisa que aparentemente não incomoda nem os nossos governantes nem o nosso patronato.

Ora bem, se o triunfo do capitalismo neo-liberal se deve, em teoria, à premissa de que só os preguiçosos que não querem trabalhar não conseguem acumular riqueza (teoria muito querida da direita portuguesa, não importa qual a sua cor ou representatividade, e inclusive de alguma esquerda intelectual rendida aos benefícios do capital) o que é que está a correr mal?

Podemos sempre escudar-nos do aumento constante do custo de vida, afinal Portugal tem os bens de primeira necessidade (água, luz, gás e – sendo modernista – internet) mais caros da Europa, preços equiparados ou inclusive mais caros que os países do norte da Europa onde o ordenado mínimo é, em média, o TRIPLO do nosso. Sobem também os impostos, o preço da comida, do combustível (também dos mais caros da Europa), em suma: sobe tudo excepto o ordenado dos portugueses, por mais produtivos e assíduos que sejam.

Mas o grande elefante que toda a gente ignora, por mais que tropecem nele, não é tanto que os portugueses ganhem 500 euros mensais mas que metade ou mais de metade desse valor sirva para pagar o empréstimo à habitação, o empréstimo do carro, ao consumo ou algum empréstimo de estudante. Resumindo: a geração quinhentista vive falida porque, em termos práticos, trabalha para aquecer entregando aos bancos o fruto desse trabalho, já em si mal pago. E o que fazem os bancos com o dinheiro que tão arduamente lhes entregamos? Vão à falência e depois são salvos pelo Estado. Hoje nem vamos tocar na vaca sagrada dos preços loucos, irrealistas e inflacionados das habitações nem do arrendamento urbano nas grandes cidades, essa é outra luta embora faça parte deste mesmo problema.

[Pubicado no semanário O Diabo a 12 de Agosto de 2014]

o bom juiz regressou aos quiosques

Flávio Gonçalves, 19.09.14

Encontrei à venda o 1º número da "Juiz Dredd Megazine". Os leitores mais atentos encontrarão alguns "ovos de Páscoa" se a lerem com atenção, como por exemplo - na página 66 - o letreiro do "Condomínio Ezra Pound". Edição brasileira da Mythos Editora, agora distribuída mensalmente em Portugal, já "assinei" a minha no quiosque onde costumo saciar o meu vício em banda-desenhada. Claro, no mundo capitalista actual o editorial deste 1º número faz o apelo: se a revista não vender bem é para acabar, por isso sugiram a amigos, parentes, colegas, inimigos, etc.

Como é que há uma Lei que permite isto?

Duarte d´Araújo Mata, 14.09.14

 

Um outdoor corta a vista de uma Alameda. Esta foto é da CML e foi disponibilizada hoje nas redes sociais (VER FONTE AQUI)

Eu tenho tirado fotos de todos os partidos em vários locais! 
O BE tem um outdoor 365 dias por ano na Alameda, a cortar o enfiamento visual.

O PCP tem outro outdoor, 365 dias por ano, em frente ao Palácio de Belém.

O PS tem um a cortar a vista da Praça do Império e CCB. BE e PCP cortam as vistas da Rua do Alecrim para o rio com 2 outdoors permanentes.

O MES e o MRPP têm outdoors esquecidos um pouco por todo o lado...

Parece que há uma Lei que permite isto. As autarquias, mesmo que quisessem actuar, não podem. Estariam contra esta Lei. 

Isto é uma vergonha e não se vê isto nos outros Países. Na Alemanha, por exemplo, não há outdoors políticos, apenas minodoors e colocados em locais especíificos, Na Suiça idem, são pequenos paineis muito visíveis em locais que não perturbam as vistas.

Quando é que pessoas responsáveis mudam esta selvajaria que atenta conta a liberdade colectiva?