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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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Estrada dos bravos, blog dos livres

O elefante tramou a formiga

Duarte d´Araújo Mata, 28.07.14

 

Foto e artigo AQUI

Quando a internet está cheia do título "Associações de ciclistas querem seguradoras dos carros a pagar acidentes", seguida de centenas de comentários a destilar ódios contra os ciclistas, percebemos que algures nesta história o elefante há-de ter tramado a formiga...elementar meu caro Watson! Senão vejamos: 

Portugal é conhecido por ser um País de muitas bicicletas ou de muitos carros?
Os nossos condutores são mais perigosos para as bicicletas ou será que estas últimas é que são causadoras de acidentes?

Ainda os ciclistas não têm direitos praticamente nenhuns à excepção do que vem escrito no código da estrada e já estão cuidadosamente encostadas à parede. Os representantes das Associações Ciclistas terão que ter muito mais cautela doravante, porque tudo o que disserem terá que ser cuidadosamente explicado, sob pena de ser usado contra eles. 

E porque responsabilidade civil temos todos em tudo o que fazemos, escusamos então de dizer à formiga que tem ser responsabilizada na selva como são os elefantes. Sim, porque se o elefante pisa a formiga, com o novo código pode ser a formiga a pisar o elefante!

Pode sim senhor, pode sim senhor. Malditas formigas, são cada vez mais um perigo por aí...

Fiscalidade Verde

Duarte d´Araújo Mata, 17.07.14

 

Foto de uma campanha publicitária que promove (força) a corrida, que uso como analogia à necessidade de promover certos usos em detrimentos de outros. (Saber mais AQUI)

 

Um dos maiores desafios científicos actual e dos próximos tempos é quantificar os custos ambientais. Quantificá-los todos, não alguns.

Por exemplo, a poluição de uma viagem de avião não é apenas o CO2 emitido na deslocação, são os custos associados às infra-estruturas aeroportuárias e acessos na alteração do uso do solo, são os custos de fabrico e manutenção das aeronaves. É só para dar um exemplo porque os custos ambientais estão permanentemente a ser calculados em baixa. Há inúmeros inquantificáveis ou de quantificação muito difusa.

Quanto poupamos (todos) em custos ambientais, logo custos económicos, quando consumimos produtos agrícolas e hortofrutícolas de protecção integrada ou agricultura biológica? Deve ser promovida ou não? Se quantificamos os benefícios económicos deviamos financiá-los através de produtos que não apostem nesta vertente.

Daí a importância de se começar a falar de fiscalidade verde! A recente documento em discussão pública (ver AQUI) lançado pelo actual Governo tem sido muito criticado por ser mais um mecanismo colector de impostos. E se de facto se resumir a isso não interessa.

Já vi que há inúmeras medidas de baixa de impostos previstas, infelizmente nada relacionado com agricultura biológica, mas há outras.
Criticar a fiscalidade verde como conceito é diferente de criticar e propôr alterações no documento em discussão. Eu prefiro claramente esta última opção. Sob pena de nos perdermos no imobilismo.

E já agora: o ambiente pode gerar muitos empregos segundo vários estudos na Europa. Saiba mais AQUI (em Inglês).

A monarquia como sistema de governo reside no passado, avesso à democracia…

José Aníbal Marinho Gomes, 13.07.14

Começa assim o último parágrafo de um artigo da autoria do sociólogo Adriano Campos, publicado na página esquerda net, cujo título é “Um Rei na Assembleia da República: cenas de um país improvável”, referindo-se à visita de Filipe VI a Portugal. Escreve então o douto sociólogo: "...A monarquia como sistema de governo reside no passado, avesso à democracia e fiel ao fraco ideal do poder por filiação. Não serve aos povos e é inaceitável como meio de subjugação. Mas Portugal é mesmo um país improvável… faltava-nos, pois, um Rei na Assembleia da República".

Só por pura ignorância se pode escrever um texto com um conteúdo de gratuitidade deste nível, o que se lamenta numa pessoa com formação académica.

Como já anteriormente referi noutros artigos de opinião, começo a ficar sem paciência para tolerar argumentos primários contra a monarquia, pelo que não me vou alongar nos comentários a este texto.  

No entanto apraz-me tecer algumas observações, não sem antes esclarecer que para mim a monarquia não é um sistema de governo, mas sim uma forma de regime.

Afirmar que a monarquia reside no passado, avessa à democracia e fiel ao fraco ideal do poder por filiação, que não serve aos povos e é inaceitável como meio de subjugação, é um erro comum no qual muitas pessoas são induzidas.

Então vejamos. De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ano 2013, dos dez países com melhor índice de desenvolvimento humano do mundo (IDH), sete são monarquias (Noruega, Austrália, Holanda, Nova Zelândia, Suécia, Japão e Canadá), estando em primeiro lugar a Noruega e em segundo a Austrália, ou seja, 75% das monarquias ocidentais estão no comando deste índice.

Se aprofundarmos ainda mais esta medida comparativa que é usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano” verificamos que dos dez países que mais investem em educação, sete são monarquias; dos dez países menos corruptos do mundo, sete são monarquias; dos dez governos mais baratos do mundo, seis são monarquias, etc.

Embora os países com regimes monárquicos sejam menos de um quarto dos países do mundo, representam metade dos 30 melhores países no índice das Nações Unidas de bem-estar global.

Mas continuemos as nossas comparações. A cidade australiana de Melbourne, foi considerada pelo terceiro ano consecutivo a melhor cidade do mundo para se viver.  

O país cujo povo é o mais feliz é a Dinamarca; a Nova Zelândia é o país do mundo que mais investe em tecnologias limpas, o Parlamento onde o número de homens e mulheres é mais igual é o da Suécia.

Todos estes países possuem regimes monárquicos, mas de acordo com autor deste artigo, não servem aos povos…, tomara eu que os cidadãos da república portuguesa tivessem um nível de vida e bem-estar social semelhante ao destes países que, segundo o referido sociólogo, por serem monarquias são avessos à democracia….

Refira-se ainda que as questões ditas fracturantes, (união entre pessoas do mesmo sexo, liberalização de drogas leves, etc.) bandeira do Bloco de Esquerda, é nos países com regime monárquico que encontram o seu melhor acolhimento e protecção legal.

Importa também realçar que os países que figuram entre os 10 de melhor desempenho no IDH da ONU não são sequer as nações mais ricas do mundo em termos de Produto Interno Bruto-PIB, no entanto conseguiram índices elevados de desenvolvimento e bem-estar social. Será que foi por a monarquia ser avessa à democracia?

Embora sem bases científicas, podemos considerar que além destes países serem monarquias constitucionais, os seus cidadãos desfrutam de uma tão vasta liberdade individual, que é um meio propício ao empreendedorismo, e condição sine qua non, existirá desenvolvimento.

Continuando um pouco mais e analisando o relatório anual do "Economist Intelligence Unit" pode-se constatar que apenas 25 países funcionam em plena democracia, estando a Noruega em 1.º Lugar e a Suécia em 2.º, a Dinamarca em 4.º, a Nova Zelândia em 5.º, a Austrália em 6.º, o Canadá em 8.º e a Holanda em 10.º, não constando a república Portuguesa desta lista de 25 países, no entanto entre os 10 primeiros, sete têm regimes monárquicos.

E a nível de salários, porque não comparar? Após uma demorada pesquisa, encontramos um artigo publicado na economias.pt, que mereceu a nossa credibilidade. Apesar de não ser fácil elaborar uma lista de países com os melhores salários mínimos no mundo, devido à variedade de factores a ter em linha de conta, designadamente os impostos e à circunstância de muitos países não terem sequer um salário mínimo, de acordo com dados da OCDE (salários mínimos reais à hora), constata-se que nos dez primeiros lugares do ranking dos países com salários mais elevados, oito são monarquias. Em 1.º lugar aparece a Austrália, com um salário mínimo mensal de 1.760 euros, a que corresponde o valor de cerca de 11 euros por hora de trabalho; em 2.º lugar o Luxemburgo, onde se recebe, no mínimo, 10,12 à hora; em 3.º a França - a única república do grupo -, com um salário mínimo de 9 euros à hora; em 4.º aparece a Bélgica com um valor hora de 8,50 euros; em 5.º a Irlanda, com 8,20 euros por hora; em 6.º a Nova Zelândia, que apresenta um valor mínimo de 8 euros à hora; em 7.º Holanda, com um valor mínimo de 7,90 euros à hora; em 8.º o Canadá, que apresenta o valor mínimo 7,10 euros à hora; em 9.º o Reino Unido, cujo valor mínimo será 6,86 euros à hora e para concluir o top 10 dos países com melhores salários mínimos do mundo está em 10.º o Japão, que apresenta um valor de 5,56 euros mínimo à hora. Perante mais este facto, como é possível que ainda exista alguém capaz de afirmar que a monarquia não serve aos povos?

Para concluir olhemos para o grau de contentamento relativamente à instituição monarquia, e verificamos que o grau de satisfação das populações locais relativamente ao regime é o seguinte: no Reino Unido 78% da população está satisfeita com a monarquia, na Holanda 75%, na Dinamarca 77%, Espanha (que apresenta uma recuperação de 8 pontos percentuais) 62%, na Bélgica 70%, no Luxemburgo 70%, no Mónaco 70%, na Noruega 82%, no Liechtenstein 70%, na Suécia 70% e no Japão 82% da população está satisfeita com a monarquia (1). O que vem, portanto, contrariar a ideia de que a monarquia é um meio de subjugação.

Que estranhas coincidências… 

(1) The Guardian; El País, ABC, Blog Royal Central, etc.

 

 

 

E agora Professor?

Duarte d´Araújo Mata, 07.07.14

 

Um dia iamos perder o Professor. Já o sabiamos. Foi hoje. 
E agora Professor? E agora? Quem é que nos orienta nos "seus" assuntos, que são os nossos do dia a dia?
Quem é que nos diz para não embarcarmos (era uma expressão sua) em tudo o que circule por aí, seja nos jornais, seja em movimentos de opinião, que é absolutamente fundamental ir buscar a informação às fontes e "fazer as contas".
A quem é que podemos mandar um e-mail com uma dúvida, um problema, tantas vezes a exigir um aturado trabalho de verificação de dados, a quem o Professor nunca dizia que não. Dizia sempre "vou ver o que posso fazer". E lá vinham sempre as suas respostas claras, tudo claro e explicado em extensos mails, por vezes a altas horas da noite...É que o Professor nunca se chateava com as nossas dúvidas!

Não sou do tempo em que desmontou esse "grande" negócio do nuclear de Ferrel nos anos 70, mas vi-o há pouco tempo voltar à carga numa investida que aí houve mais recente. Mas lembro-me das suas viagens a Aveiro quando o Ministério Público o obrigou a perder milhares de horas em julgamentos a propósito da co-incineração... julgamento esse que, claro, o Professor ganhou! Tinha razão. Fez-nos um favor a todos nós.
E quando o CO2 apareceu como sendo a razão para todos os males e o Professor veio logo avisar-nos de que ir por aí não ia dar bom resultado, que alarmismos e catastrofismos exacerbados, ao mínimo falhanço, iam ser o descrédito total. E que fazendo as contas se via que o assunto estava a ser mal colocado. E que o problema seriam alterações climáticas, sobretudo pela alteração do uso do solo, má gestão da Paisagem. E cada dia que passava se via que estava com a razão do seu lado.

O Professor fechava o ciclo das coisas, tal como defendia que os materiais funcionavam neste mundo. Um assunto aparentemente estanque numa matéria específica acabava, nas suas mãos, interligado e lógico com outros saberes. E a sua capacidade de argumentar que nos deixava a todos a ouvi-lo se fosse preciso horas, sem pestanejar. Se a Ciência ficou indiscutivelmente mais pobre, ficámos todos muito mais pobres com a sua partida e com a falta que nos fará a sua capacidade de resposta e de proposta. E infelizmente, ficaremos certamente mais vulneráveis para o que aí vem!
Mas permita-me fechar também o ciclo das ideias. É que se o Professor era um grande cientista, era ainda mais uma excelente pessoa e um grande amigo. 
(foto PUBLICO, AQUI)

ISABEL LOUÇÃO SANTOS NO HOTEL MIRA VILLAS

António Veríssimo, 06.07.14

CONVITE
Isabel Loução Santos, jornalista da TVI, vai estar dia 11 de Julho, sexta-feira, pelas 18h30, no Hotel Mira Villas, na Praia de Mira, a convite do Movimento Gota D'Água, para apresentar o seu livro "COMO SOBREVIVER A UMA CRISE (E CONTAR A HISTÓRIA)", editado pela GRADIVA, seguindo-se depois um debate com a autora e outros convidados.
Como a sua presença é importante, vimos por este meio convidá-lo (a) a juntar-se a nós e a participar neste evento.
MOVIMENTO GOTA D’ÁGUA