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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

o passado, o futuro e um ano de vida

Sofia de Landerset, 30.12.13

 

 

 Todos os anos é a mesma coisa. Chegamos à segunda metade do mês de Dezembro, e abundam retrospectivas e revistas do ano e compilações de imagens do ano e listas de gente relevante que morreu e de gente irrelevante que queimou os seus 15 minutos de fama e o diabo a sete sobre o ano que está a chegar ao fim. 

E invariavelmente uma pessoa vê isto tudo e constata que já nem se lembrava de 90% dos acontecimentos. É assim um bocadinho como ver as fotografias de casamento de há 25 anos e contar os que já morreram, os que não vemos há décadas, os que já nem nos lembrávamos que existem. Já para não falar nos que não queremos voltar a ver nem pintados de amarelo. O cônjuge, em alguns casos. 

Tento lembrar-me do que aconteceu na minha vida este ano, e chego à conclusão que apenas me ocorre a formatura das minhas duas filhas mais velhas. De resto, não há nada que tenha marcado suficientemente a minha existência nos últimos - quase - 365 dias para ter deixado registo na minha memória. 

 

E no entanto...

 

Tenho a certeza que me aconteceram imensas coisas este ano que, na altura, me pareceram terrivelmente importantes. Que me pareceram horrores inultrapassáveis, alegrias inesquecíveis. Dramas e comédias que tomaram, a seu tempo, conta de mim e da minha existência e que pensei nunca, jamais esquecer. 

Nesta altura de balanços do passado e de resoluções para o futuro, interrogo-me sobre o que iremos, realmente, lembrar no final de 2014 sobre o ano que começa dentro de dias. 

Talvez valha a pena experimentar colocar a cada problema com que nos defrontaremos no próximo ano, a cada situação que nos pareça avassaladora, uma questão simples: será que no final de 2014 isto ainda será importante? E talvez assim, um ou outro drama se veja reduzido à sua real dimensão e a nossa existência se torne um pouco mais leve. Um pouco mais sábia. 

Daqui a um ano, veremos o que ficou do ano que vai começar.

 

Bom Ano!

 

Lisboa, luz e lixo

Sofia de Landerset, 28.12.13

 

Gosto muito da minha terra. 

Passei 35 anos da minha vida com uma inveja horrível de quem, chegado o Natal ou as férias grandes, carregava o carro para além do razoável e ia "à terra", de onde regressava semanas mais tarde, com o carro ainda mais carregado, geralmente com couves gigantescas, garrafões de azeite artesanal e sacas de batatas.  

Alfacinha de gema, ficava a olhar para aquele ritual e roía-me toda, sem "terra" para onde me escapar, sem couves nem azeite nem sacas - sacas! - de batatas.  

35 anos mais tarde, deixei a minha "terra", e ganhei não apenas uma "terra" nova, que a custo aprendi a amar, mas também o ritual de regressar a Lisboa para passar o Natal em família. Não trago couves nem azeite nem sacas de batatas quando volto para o Algarve, mas mato saudades da família, dos amigos e das rotinas de bairro que marcaram grande parte da minha vida. 

Lisboa é a minha casa, a minha "terra". É uma cidade com uma luz única, uma cidade que está na moda, uma cidade que mudou imenso nesta década e picos desde que de lá saí. Sempre que regresso, há novidades para ver; este ano, fomos visitar o Mercado de Campo de Ourique, recentemente reaberto, renovado, e que bem que ficou! Vivi alguns anos no bairro, nasceram lá os primeiros quatro filhos, e foi um gosto ver a feirinha de Natal no Jardim da Parada e comer umas queijadas no Ás de Comer, abrindo assim as 'hostilidades' gastronómicas da semana. 

Deixei a minha "terra" esta manhã, navegando entre pilhas de sacos de lixo à beira dos passeios, e pirâmides de lixo nos separadores centrais que ainda não chegam a ter a altura das que vi em Maputo, mas a continuar assim, lá para quarta-feira ganham com vantagem. 

As ruas estão cobertas com um tapete de folhas que a chuva dos últimos dias transformou numa superfície viscosa e escorregadia. E mesmo assim, agradeci esta chuva, que lavou as ruas, salvando-me do mau cheiro que pairava no ar quando fui "à terra" no verão, quente e seco e sem ruas lavadas como antigamente. 

Não trouxe comigo couves, nem azeite, nem sacas de batatas. Mas trago o coração pesado, a alma triste, e uma última imagem miserável de Lisboa que me vai acompanhar durante um ano, até que chegue novamente o tempo de carregar o carro para além do razoável e ir "à terra". 

E mesmo suja, mal tratada e mal cheirosa, gosto tanto da minha terra.

 

 

Um jogo didáctico para o Natal

Duarte d´Araújo Mata, 24.12.13

 

É seguramente um dos melhores jogos do ano 2013.

Este "Ecossistema Político", disponivel na internet resultado do trabalho de Pedro Miguel Cruz, um estudante de Doutoramento na Universidade de Coimbra, é uma divertida "lamela" de culturas biológicas da promiscuidade existente entre a política e os negócios.

Muito interativo, didáctico, intuítivo e divertido, este é um jogo para toda a familia. Diria até, para todas as familias. 

O Delírio Constitucional do Prof. Braga de Macedo

José Aníbal Marinho Gomes, 16.12.13

  

Braga de Macedo ataca Tribunal Constitucional. É o título de um artigo publicado hoje no jornal “Diário de Notícias” e que reflecte a intervenção deste Professor numa conferência realizada no início de Novembro, na Universidade do Texas em Austin, EUA, subordinada ao tema “Pode a Eurozona ser salva”, mas só agora com destaque na imprensa nacional.

Como o tema me “aguçou” o apetite fiz uma pesquisa pela internet e consegui o vídeo com a sua intervenção, que pode ser vista a partir do minuto 10m30s.

Que triste figura fez este cavalheiro!

Afirmar que o TC está agarrado à Constituição que estatui uma sociedade sem classes, e uma nacionalização generalizada, é puro delírio constitucional. Tirando o caso “especial” BPN, que nacionalizações é que se fizeram nos últimos anos? Por acaso esqueceu-se das reprivatizações? Onde é que está a sociedade sem classes? Se esta existisse, provavelmente pessoas como o Prof. Braga de Macedo, não tinham direito a tanto tempo de antena…

Que imagem transmite um Professor Catedrático português das nossas instituições fundamentais, fora do nosso país…

Que falta de respeito e de cultura democrática! Lamentável para um licenciado em direito, embora com uma carreira profissional voltada para a área económica.

A sua intervenção constou de uma exposição escrita intitulada “Morte na praia” onde concluiu que o nosso país pode não se salvar, culpando os juízes do TC em caso de chumbo de alguns diplomas, submetidos à sua apreciação.

Chegou ao desplante de referir que como o país está em ajustamento os tribunais também deviam estar, o que na prática implicaria o Governo fazer “tábua rasa” das leis, podendo as mesmas ser violadas, sobretudo a nossa lei fundamental.

Considera que o TC é uma fonte invulgar de incerteza para um programa de ajustamento económico e financeiro. O que dizer de quem assim pensa? Pela minha parte nada, pois não merece qualquer comentário.

Porque motivo uma pessoa com um curriculum de invejar, se sujeita a uma situação ridícula como esta?

Mais um “encomendado” do governo à procura sei lá bem de quê…

Em defesa da nossa Lei, termino citando Bertolt Brecht ”Que tempos são estes, em que é necessário defender o óbvio?”

Empreendedorismo "às direitas"

Duarte d´Araújo Mata, 16.12.13
O empreendedorismo deve ser disciplina obrigatória, dizia o Ministro Pires de Lima há pouco tempo.

Pois este vídeo, quem sabe, podia muito bem ser ensinado sobre a parte relacionada com a advocacia.

Porque só não é empreendedor quem não quer... ou então que não tem jeito!

Nossa Senhora da Conceição Padroeira e Rainha de Portugal e de todos os Povos de Língua Portuguesa *

José Aníbal Marinho Gomes, 08.12.13
Faz hoje 159 anos que o Papa Pio IX pela bula Innefabilis Deus definiu como dogma de fé a Imaculada Conceição.

A crença explícita na conceição imaculada da Virgem perde-se no tempo e existiu, pelo menos desde o séc. XII, espalhando-se gradualmente por toda a igreja oriental e ocidental.

Mas já antes, no séc. VIII, a Imaculada Conceição era comemorada na Igreja Oriental, no séc. IX na Irlanda, e na Inglaterra no séc. XI.

No ano 656, no X Concílio de Trento, fixou-se o dia 8 de Dezembro como festa principal da Imaculada Conceição, assim, pelo menos desde essa data na Península Ibéria há o culto da Imaculada.

Em Portugal o culto a Santa Maria nasceu nos primórdios da nacionalidade.

Ergueram-se muitos templos em Sua honra pelo país, sendo invocada de diversas formas. “ Santa Maria! Até ao fim da Idade Média, era a esta a invocação mais comum e o mais divulgado título da mãe de Deus. Para exprimir a surpresa por qualquer acontecimento inesperado, exclamava-se:-Santa Maria! Para implorar auxílio em momentos de angústia: Santa Maria, vale! Os poetas dedicavam-lhe trovas com o nome de Cantigas de Santa Maria. Os livros dos seus devotos chamavam-se Horas de Santa Maria. As Igrejas que se lhe consagravam, as festas litúrgicas em sua honra, as terras que a tomavam por Padroeira, eram todas de Santa Maria. Desde os primeiros alvores da nacionalidade, a Virgem Santíssima conquistou com esse título o coração dos portugueses: por isso ele ficou associado para sempre aos seus e nossos domínios. O velho solar lusitano orgulha-se de ser conhecido por Terra de Santa Maria…(1)

Desde o nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques - um grande devoto de Nossa Senhora e que fez várias concessões a Santa Maria Bracarense, como tributo pela ajuda concedida na manutenção do seu território, designadamente engrandecendo a Catedral de Braga elevando-a à categoria de templo nacional, passando deste modo, Santa Maria de Braga, a ser a Padroeira do território portucalense - que todos os reis da 1.ª dinastia praticaram o seu culto, agradecendo-lhe o auxílio prestado para a manutenção da independência do novo reino.

Também na 2.ª dinastia, iniciada com D. João, Mestre de Avis, este na Batalha de Aljubarrota incitou os seus companheiros de armas em nome de Deus e da Virgem Maria.

D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, por ser devotíssimo da Virgem Santa Maria, que respondeu às suas preces em Valverde, Atoleiros e Aljubarrota, mandou construir a Igreja de N. ª Sr. ª da Conceição de Vila Viçosa, e encomendou, para o efeito, em Inglaterra a imagem de Nossa Senhora da Conceição. E quando ingressa no Convento do Carmo em Lisboa como irmão leigo, usa apenas o nome de Frei Nuno de Santa Maria.

A São Nuno de Santa Maria se deve a renovação de uma antiga Confraria de Vila Viçosa, existente pelo menos desde 1349 e por si consagrada a Nossa Senhora da Conceição, que ainda hoje subsiste, a “Régia Confraria de Nossa Senhora da Conceição”.

Nos séculos XVI e XVII, a doutrina da Imaculada Conceição obteve maravilhoso desenvolvimento.

Universidades, Ordens religiosas, clero e comuns fiéis lançaram-se ardorosamente à defesa da piedosa crença, deixando cada vez mais sozinhos os seus opositores.

Mas foi após a Restauração de 1640, com D. João IV, que se verifica um grande impulso na devoção à Senhora da Conceição, por todo o país.

O Duque de Bragança que era muito devoto de Nossa Senhora, compôs vários hinos e motetes em honra da Santíssima Virgem, como um Magnificat a 4 vozes e um Ave Maris Stella.

No dia 8 de Dezembro de 1640, Frei João de S. Bernardino, ao pregar na capela Real de Lisboa na presença do Duque de Bragança, agora já Rei de Portugal, termina o sermão por uma solene promessa: “Seja assi, Senhora, seja assi; e eu vos prometo, em nome de todo este Reyno, que elle agradecido levante um tropheo a Vossa Immaculada Conceição, que vencendo os seculos, seja eterno monumento da Restauração de Portugal, Fiat, fiat”.

Por provisão de 25 de Março de 1646, D. João IV, “estando ora junto em Cortes os três Estados do reino», proclamou solenemente “tomar por padroeira de nossos Reinos e Senhorios a Santissima Virgem Nossa Senhora da Comseição . . . confessare deffender May de Deus foi concebida sem pecado original”. Por esta proclamação a Virgem Imaculada era constituída e declarada, por todos os poderes da Nação, Senhora e Rainha de Portugal, a verdadeira soberana do país.

Este mesmo Rei, em 1648, mandou cunhar moedas de ouro e de prata chamadas Conceição, com a seguinte legenda: no anverso Joannes IIII, D. G. Portugaliae et Algarbiae Rex, a cruz da Ordem de Cristo, e no centro as armas de Portugal. No reverso a imagem de Nossa Senhora da Conceição, sobre o globo e a meia-lua, com data de 1648, e nos lados o sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e a arca do santuário e a legenda TVTELARIS REGNI.

A 30 de Junho de 1654, o referido monarca, enviou a todas as Câmaras cópia da inscrição latina comemorativa do juramento solene feito em 25 de Março de 1646 e para que fosse mais notória a obrigação de defender “que a Virgem Senhora Nossa foi concebida sem pecado original” ordenou que aquela inscrição fosse gravada em pedra e colocada nas portas e lugares públicos das cidades e vilas do reino(2).

Também neste mesmo ano de 1654 o reitor, lentes, doutores e mestres da Universidade de Coimbra, reuniram-se e determinaram que a fórmula do juramento de todos os futuros graduados começasse pela declaração de «defender sempre e em toda a parte que a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, foi concebida sem a mancha do pecado original». E até 1910 o cumprimento de tal juramento era condição para se obter qualquer grau universitário.

Por Decreto de 20 de Junho de 1696, o Príncipe Regente D. Pedro, futuro D. Pedro II, aprovou a “Confraria dos Escravos de Nossa Senhora da Conceição”, cujo objecto era o de promover e incutir nos membros uma especial devoção a Nossa Senhora da Conceição.

O rei D. João V, a 12 de Dezembro de 1717, em circular enviada à Universidade de Coimbra e a todos os prelados e colegiais do reino, recomendava-lhes que todos os anos celebrassem nas suas igrejas a festa da Imaculada Conceição, recordando o juramento de D. João IV.

O futuro rei D. João VI, por Decreto de 6 de Fevereiro de 1818, fundou a “Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição”, de natureza honorífica, com sede em Vila Viçosa, dando-lhe estatutos por alvará de 10 de Setembro de 1819.

Em 1935 celebrou-se a primeira grande Peregrinação Nacional a Vila Viçosa, e em 1946, no dia 25 de Março, comemorou-se o tricentenário da proclamação da Padroeira, com a consagração de Portugal à Santa Mãe de Deus.

Também o Papa João Paulo II que a 14 de Maio de 1982 visitou o Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, no discurso de saudação ao novo embaixador de Portugal junto à Santa Sé, referiu o seguinte: ”A Deus Todo-poderoso confio a sociedade portuguesa inteira, sobre todos, invocando a abundância dos favores celestes por intercessão de Nossa Senhora da Conceição, que Portugal, há 350 anos, no Santuário de Vila Viçosa e pela voz da sua máxima Autoridade civil com explicita adesão dos Representantes da Nação, escolheu servir e honrar como Padroeira e Rainha. Deus abençoe e proteja Portugal!(3)

Desde que Nossa Senhora da Conceição é Padroeira de Portugal, os nossos monarcas, nunca mais colocaram a coroa na cabeça (pois isso equivaleria a usurpar um direito que pertencente a Nossa Senhora) e apenas em ocasiões solenes, a coroa era posta sobre uma almofada, ao seu lado direito.

Como devoto de Nossa Senhora não posso deixar de terminar com um solene cântico, que diz muito a todos os Portugueses:

 

Salve, nobre Padroeira,
Do povo Teu protegido,
Entre todos escolhido,
Para povo do Senhor.

 

 Ó glória da nossa terra,
Que tens salvado mil vezes!
Enquanto houver Portugueses,
Tu serás o seu amor
! Bis

 

 És a nossa Padroeira
Não largues o Padroado
Do rebanho confiado
Ao teu poder protector.

 

 És a obra mais sublime
Que saiu das mãos de Deus.
Nem na terra nem nos céus,
Há criatura maior!

 

 Flor de suave perfume
Para toda a Lusa Gente,
Entre nós, em cada crente
Tens esmerado cultor.

 

 A Tua glória é valer-nos,
Não tens maior alegria;
Ninguém chama por Maria,
Que não alcance favor.

 

Portugal, qual outra Fénix,
À vida torne outra vez:
Não se chame português
Quem cristão de fé não for.

 

 * Este texto teve por base um estudo da minha autoria publicado 2004, intitulado "Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal - subsídios para o estudo da sua devoção no concelho de Ponte de Lima", com edição do Instituto Limiano-Museu dos Terceiros.

(1) Santa Maria na História e na Tradição Portuguesa, Mons. Miguel de Oliveira, União Gráfica, prólogo, Lisboa, 1967.  

(2) Esta carta foi também enviada à Câmara de Ponte de Lima, na altura em que presidia ao seu Senado o Juiz de Fora Bacharel João Monteiro de Miranda, sendo os restantes membros o Vereador mais velho e Juiz pela Ordenação João Barbosa de Araújo, os Vereadores João Dantas Morim e João de Sá Barros e pelo Procurador do Concelho António Fernandes Nóbrega e António de Matos Botelho, Escrivão. A ordem régia foi cumprida e colocadas, nas cinco portas da vila, lápides com a inscrição latina atestando a fidelidade de Ponte de Lima ao dogma da Imaculada Conceição. 

Inscrição que em tradução livre se pode traduzir assim: D. JOÃO IV, EM CORTES GERAIS CONSAGROU-SE PARA SEMPRE A SI E AO SEU REINO À SAGRADA E IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA SOB UM CENSO ANUAL E JUROU DEFENDER PERPECTUAMENTE  QUE A MÃE DE DEUS, POR ELE ESCOLHIDA PARA A DEFENSORA DOS SEUS ESTADOS, FORA PRESERVADA DO PECADO ORIGINAL, E PARA QUE A PIEDADE PORTUGUESA SE NÂO APAGASSE MANDOU LAVRAR NESTA PEDRA VIVA ESTA MEMÓRIA PERENDE NO ANO DE CRISTO DE 1646, SEXTO DO SEU REINADO. 1654 

Nos nossos dias ainda é visível, no seu primitivo local, a lápide existente na chamada Porta Nova e as restantes, após a demolição das muralhas da nossa vila nos séc. XVIII e XIX, foram retiradas dos locais originais e duas delas posteriormente colocadas na fachada posterior dos Paços do Concelho, uma de cada lado da porta de acesso, tendo aparecido já nos nossos dias uma outra, bastante mutilada, que se encontra no Instituto Limiano - Museu dos Terceiros.

(3) L’Osservatore Romano, n.º 8, 24-2-1996.

 

 

 

 

 

 

A Construção Naval não pode morrer!

José Aníbal Marinho Gomes, 07.12.13

Tenho curiosidade em conhecer a posição dos deputados da maioria - PSD e CDS-PP – a respeito dos Estaleiros de Viana do Castelo – se vão estar ao lado da população do distrito, na jornada de luta pela defesa da indústria naval de Portuguesa, ou se vão ser solidários com os seus partidos políticos?...

Por isso, sou cada vez mais a favor da criação de círculos uninominais, de forma a que os deputados representem quem os elegeu e respondam perante os mesmos e não defendam, única e exclusivamente, as posições dos partidos em que militam…

Não há que ter medo, meus senhores! Apenas se pede que estejam ao lado dos Estaleiros Navais, e impedir que se dê a machadada final na única indústria naval portuguesa.

A questão dos Estaleiros não é um problema local, mas sim de âmbito nacional, que se relaciona com a nossa vocação atlântica e marítima.

Como pode um país, com a maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da União Europeia - com 1,6 milhões de quilómetros quadrados (em redor das Ilhas Selvagens) -, com tanto mar para patrulhar e explorar as suas potencialidades, dar-se ao luxo de perder a única indústria naval?

A acontecer trata-se de um crime de lesa-pátria! E os culpados sejam eles membros do actual governo ou dos anteriores, devem ser julgados como traidores.

É a questão dos EN de Viana do Castelo uma história mal contada?

Será a concessão dos EN de Viana do Castelo à Martifer uma negociata?

Sabemos da existência de outras propostas para os EN de Viana do Castelo – incluindo de Estaleiros de outros países – que nunca tiveram resposta do Governo… E, ao que parece, a Martifer não goza de boa saúde financeira, desconhecendo-se, além do mais, a sua experiência no ramo da indústria naval…

A Martifer vai pagar 7,05 milhões de euros, em troca da subconcessão dos terrenos, infraestruturas e equipamentos dos Estaleiros Navais até 2031, sem qualquer benefício público e financeiro visível, para o país. Antes pelo contrário, pois as indemnizações pelo despedimento dos 609 trabalhadores, são asseguradas pelo governo, mediante financiamento bancário - por outras palavras, serão os Portugueses a suportar este custo, no valor de 30,1 milhões de euros.

E mais - se foi autorizado um financiamento para pagamento de indemnizações aos trabalhadores, por que motivo nunca foi desbloqueada verba para a compra de material necessário à satisfação da carteira de encomendas que os ENVC possuem, designadamente para os navios asfalteiros para a Venezuela que permitiriam viabilizar a empresa?

Ao invés de garantir a matéria prima e o equipamento para dar resposta às encomendas, o Governo preferiu deixar os trabalhadores parados durante mais de dois anos para agora poder vir fazer este negócio….

Estaremos, como disse o presidente da Câmara de Viana, perante "um caso de polícia"?

E o Ministério Público - que é o órgão do Estado encarregado de representar o Estado, exercer a acção penal e defender a legalidade democrática e os interesses que a lei determinar (artigo 1º da Lei Orgânica do Ministério Público) nada faz?

"Praça Europa"

Duarte d´Araújo Mata, 04.12.13

 

Em Lisboa em frente ao rio Tejo abre-se a chamada Praça Europa. Adjacente aos edifícios das Agências Marítimas Europeias, a placa "Praça Europa" é um espaço aberto em lajes de lioz sobre um estacionamento subterrâneo privativo.

Ora, estando em Portugal, o que fazemos de um a praça de lioz aberta ao rio sobre um parque de estacionamento subterrâneo? Estacionamos carros! Está correcto. Estradas e carros. Não foi de alguma forma esta a maneira com que Portugal tem tirado mais proveito da Europa?  

 

  

A Igreja de Francisco.

JFD, 03.12.13

Exortação Apostólica do Papa Francisco tornou-se num curioso campo de debate, colocando a «esquerda» e a «direita» a repensarem a sua leitura papal. A descoberta da Doutrina Social da Igreja por parte da Esquerda Europeia – bem a propósito do contexto político-económico-social vigente, numa época em que o desassossego é tão premente quanto real, e tão urgente quanto instrumentalizável – e o abanão dos alicerces ideológicos-cristãos edificados pela Direita Europeia são, na mesma medida, fatores risíveis, ou seriam, se na verdade não revelassem, per se, a longa cortina erigida entre a doutrina fundacional da Igreja e o seu longo discurso histórico a propósito da vida em sociedade.

 

A  Doutrina Social da Igreja nasce com a encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, a 15 de maio de 1891. Embora se constitua como uma data de  viragem das preocupação vaticanas a propósito do capital, do trabalho e da pobreza – em rigor sob as flores do maio de Das Kapital de Karl Marx  e como contrarresposta da Igreja, numa verdadeira lógica de «via alternativa» - ela apenas retoma –retenha-se – os primórdios doutrinários da Fé de Cristo.

 

Quer isto dizer, ipsis verbis, que doutrinariamente a Igreja sempre foi – reconhecendo o «realinhamento retrospetivo», recorrendo aos termos de Arthur Danto, e o respetivo cuidado necessário – de «Esquerda». Pelo menos naquilo de que a «Esquerda» é mais fundacional: a pobreza, a solidariedade, a igualdade, a liberdade, e a justiça equitativa. Não obstante, ao sabor dos contextos, e na promiscuidade entre a Santa Sé e o poder político, foi-se construindo a ideologia da Igreja. Portanto, enquanto dogmaticamente a Igreja é por definição de «Esquerda», o seu substrato social foi e é de «Direita». Os meandros da realeza e do clero são bem prova disso. Ademais, as oposições da Igreja aos métodos contraceptivos, às relações homossexuais, ao aborto, etc., não têm necessariamente a ver com a Doctrina Christiana mas antes com modelos de sociedade construídos nas margens do Advento Messiânico. 

 

[também ali]