Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

No Dubai

Duarte d´Araújo Mata, 28.11.13

Não aprendemos mesmo nada com a situação!

Requalificação urbana em vez de nova construção? Localizar os equipamentos colectivos próximos dos transportes públicos e não em locais susceptíveis de gerar tráfego? Misturar o mais possivel os usos de viver e trabalhar para promover deslocações locais?

O Campus da Nova, localizado  em Campolide, servido pelo metropolitano, pela Linha de Sintra, Azambuja e da Margem Sul, bem como pelos comboios de longo curso, vai ser deslocalizado para um terreno "disponível" em frente à Praia de Carcavelos, Concelho de Cascais, servido apenas pela estação da CP de Carcavelos a cerca de 1,5km.

Somos um País que corta nos salários e nas pensões mas que ao mesmo tempo continua a comportar-se no ordenamento como se estivessemos porventura no Dubai. 

É mesmo urgente a Área Metropolitana de Lisboa com poderes efectivos de planeamento.

IMAGEM AQUI

Era uma vez ...

Júlio Reis Silva, 27.11.13

Sonhos muralhados em areia, espraiados em felicidade, diluídos numa infância que se adivinha breve.

 

(Foto do autor - Santa Maria, Ilha do Sal, Cabo Verde, Outubro de 2013)

Sobre os incentivos à violência

Duarte d´Araújo Mata, 22.11.13

É muito curioso que do Governo e seus aliados se considere apelo ou incentivo à violência o discurso do Dr. Mário Soares ontem na Aula Magna.

Mário Soares, na minha interpretação, diz o óbvio: que políticas que unicamente privilegiam a austeridade e os cortes de rendimento geram uma incomodidade que é tanto mais gravosa para quem esteja a cair na ruptura. E que a tensão social, a exclusão e a pobreza é uma porta de entrada para a violência. E a violência de que Soares fala não é uma violência de tomada de poder pelas armas, apesar de horas antes grupos de manifestantes terem subido as escadarias da Assembleia mostrando alguma vulnerabilidade do sistema a movimentos realmente organizados, mas sim uma violência de sobrevivência, desorganizada, descontrolada e sem fins de tomada de poder, apenas a mais que provável obtenção de bens de primeira necessidade. A violência de que se fala seria, quanto muito, uma resposta à violência que é na prática exercida sobre os cidadãos. E essa não se lamenta, evita-se!

O Dr. Mário Soares sempre foi odiado por quem agora está no poder e isso já vem de há muito tempo, e de cada vez que fala um côro de insultos, tantas vezes de carácter primário na adjectivação se levanta. Quem neste discurso do Dr. Mário Soares só retira um "apelo à violência" talvez prefira ler o que disse o Prof. Adriano Moreira "(...) que se mostra muito preocupado com o futuro e com o aumento do desconforto, a desigualdade e a pobreza em Portugal." Acrescenta ainda que "há um relatório das Nações Unidas que dizia esta coisa: o mundo está confrontado com duas ameaças: as armas de destruição maciça e a miséria. Estamos a chegar lá”Se preferirmos não concluir que o resultado disto que o Prof. Adriano Moreira refere seja certamente "violência", deveria relembrar os tumultos de Los Angeles, Paris, São Paulo e tantos outros. 

FOTO AQUI

Arraiolos na China

Duarte d´Araújo Mata, 14.11.13

A propósito da inauguração da primeira fábrica da Salvador Caetano na China, lembro-me sempre do choque que tive quando a passear há tempos por Arraiolos, questionei uma artesã de tapetes sobre um assunto do seu trabalho, e ela disse-me que muitos dos tapetes eram mandados fazer na China.

Realizei que de facto, nas actuais regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), tudo o que puder ser deslocalizado sê-lo-á. 

Assim, resta-nos por enquanto tentar resistir apostando o mais possivel em produtos não deslocalizáveis, locais e autênticos, e esperar que à medida que a crise se vá instalando, as sociedades percebam que é preciso agir e alterar profundamente as regras da OMC para que daqui não resultem apenas "regras" para os preços mais baixos enquanto persiste a ausência de regras para o respeito laboral, social e ambiental.

Até lá, esta crise económica no mundo ocidental será sempre a piorar, e sobretudo para os Países intermédios entre a alta tecnologia dos mais desenvolvidos e os baixos salários da Ásia, como seja Portugal.

Foto AQUI

Palavra de Bernardino.

JFD, 12.11.13

Numa entrevista ao jornal 'Público', Bernardino Soares, atual Presidente de Câmara de Loures, colocou de parte a hipótese de um dia ser líder do PCP, exprenssando-o nos seguintes termos: «A legitimidade eleitoral não tem nada a ver com isso. Para ser secretário-geral do PCP é preciso um conjunto de características que o Jerónimo de Sousa tem e que, porventura, outros camaradas meus terão também. Essa questão não se põe em relação a mim. Eu nunca pus a hipótese». Nas entrelinhas lemos toda a lógica do PCP. Não é uma questão de qualidade mas de características e, já agora, de antiguidade, esqueceu Bernardino de referir. A antiguidade ainda é um posto no mundo vermelho. O que é lamentável, quando o PS vive dias de amargura identitária, entre o cá e o lá da esquerda lusitana e dos entroikados, o BE permanece como um partido de rua e a esquerda precisava de um PCP renovador, não apenas bem firmado nas suas estruturas filosóficas de apoio ao proletariado, mas também ativo e adaptado à realidade social, cultural e política nacional, com uma dimensão abrangente capaz de ser a esquerda que a esquerda precisa, e não a esquerda que desconforta o eleitorado da esquerda moderada (leia-se não radical). 

Acerca de charlatães e afins…

José Aníbal Marinho Gomes, 08.11.13

Li ontem no "Jornal de Negócios" um artigo do Dr. Camilo Lourenço, sobre charlatães.

No mesmo refere, embora sem o dizer directamente, que o director-geral da OIT, Guy Ryder, era um charlatão, apelidando o seu discurso de verborreia, pelo facto de afirmar que em Portugal se podiam criar 108 mil empregos.

E finaliza escrevendo, com a sobranceria habitual, que somos um povo que adora charlatanice, pois só assim se compreendia que um indivíduo que afirmou que Portugal tinha condições para criar 108 mil postos de trabalho, tivesse saído do país "sem levar com uma risota colectiva?!"

Risota colectiva Dr. Camilo Lourenço, é o que os portugueses informados fazem quando leem o que permanentemente escreve, como paladino da Troika e do Governo, talvez à procura de um "poleiro", seja onde for...

Aliás, se nós não gostássemos de parlapatões, será que o senhor tinha leitores? Ou espaço para comentar na televisão pública?

Não será também charlatanice dizer, como escreveu no dia 5 de Setembro às 10h18m num comentário do Facebook que uma taxa de IRC de 10% acabava com o desempego em dois anos?

Esta posição será um toque de Assuero ou uma tentativa de imitação "rasca" do misto de médico, sexólogo, terapeuta e showman escocês James Graham, que no séc. XVIII garantia aos seus clientes que ao deitarem-se na "cama celestial" a esterilidade e impotência seriam curadas, e os descendentes aí concebidos nasceriam perfeitos.

Se tivesse consultado o Eurostat verificaria que há pelo menos um país da União Europeia, a Bulgária, que tem uma taxa de IRC de 10% e que apresenta uma taxa de desemprego de 9,9% (2012). Logo, a sua sapientíssima verborreia falha e como sempre tenta explorar a ingenuidade do povo português que, como disse, "adora charlatanice"....

Termino, recordando a sempre actual Fábula LXII de Jean de LA FONTAINE, "O Charlatão", em tradução livre.

Nunca faltarão charlatães, no Mundo.
Mui fértil essa Ciência
De Lentes abundou todo o tempo.
Ora um, em seu tablado.
Faz roncas a Aqueronte; outro se ufana
Que é um Desbanca-Cícero.
Gabava-se na Corte, um destes últimos,
De ser tão grande Mestre
De eloquência, que a um Rústico, a um Mazorro
Um Patau, um Pascácio,
Discretos os daria. (Charlatão) «Sim, senhores:
E tragam-me um Labrego,
Um Animal, um Burro. O mais burríssimo:
Dou-lhe Lente de borla;
Murça, e loba lhe envergo.» Ora El Rei soube-o.
Manda vir o Retórico
(Rei) «Tenho, da Arcádia em minha estrebaria,
Mui formoso jumento,
Quero que dele um Orador me ingenhes.»
(Charlatão) «És Rei, e podes tudo.»
Dão-lhe certa quantia; e obriga-se ele,
Que dentro de dez anos,
Iria o Burro Às Aulas: consentindo
Ir ele, em praça pública,
Com baraço, e pregão, sofrer garrote
Bem apertado e estreito,
Orelhas d’Asno, rótulo Retórico.
Um Cortesão lhe disse:
«Irei ver-te, que te acho mui airoso,
Para dançar na forca.
Mas não fales mormente, em lá nos dares
A todos os Ouvintes,
Oração, em que estendas a tua Arte;
Oração bem patética
Que aos Cíceros Ladrões modelo seja.»
(Charlatão) «Antes que o prazo finde,
Tem de morrer El Rei, ou Eu, ou o Burro.»
Teve razão; que é erro
Com dez anos de vida fazer conta.
Comamos, e bebamos;
Dum de nós, aqui, dentro em dez anos,
Nos é credora a Morte.

A Reforma das Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto

Duarte d´Araújo Mata, 03.11.13

O Guião da Reforma do Estado caiu que nem uma bomba incendiária, em plena discussão do Orçamento, depois do tiro de pólvora seca que foi a legislação dos cães e gatos em apartamentos...

O Governo atirou com um documento que foi adiado meses e meses, a ser aplicado pelo próximo Governo, em plena discussão do próximo orçamento, onde será aplicada a mesma receita que nos tem conduzido até aqui: mais cortes.

Neste documento de reforma do Estado, era fundamental que se olhasse a sério para o papel do Estado como entidade capaz de se organizar da forma mais eficiente para prestar os melhores serviços aos cidadãos, sem assumir num documento que à partida que o Estado se deve demitir dessas funções.

Por exemplo, quando metade da população nacional vive nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, um dos aspectos que nos distingue da maioria dos Países Europeus é que continuamos sem as Regiões Metropolitanas, que em Portugal seriam aplicadas de imediato a Lisboa e Porto. A gestão é Concelho a Concelho e têm-se desperdiçado com isto a possibilidade de uma gestão eficiente em muitas áreas. Os contribuintes têm pago com os seus impostos a falta de coordenação que só se consegue à escala de uma Área Metropolitana.

António Costa tem defendido, há anos já, esta medida e com toda a razão. Rui Moreira dificilmente não concordará com ela. Trata-se de Regiões eleitas com votos, uma nova estrutura intermédia que fará poupar milhões através de bom planeamento e boa gestão. Que não se perca a oportunidade quando se pensar em reformar o Estado. 

FOTO AQUI