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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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Estrada dos bravos, blog dos livres

"Leve lá a bicicleta", Angela

Duarte d´Araújo Mata, 30.08.13

Há Países que vêem com bons olhos a bicicleta como uma ferramenta de poupança económica das familias, criando condições para optimizar as condições que permitem a sua utilização. (Ver artigo "Alemania cambia el coche por la bici" no El Pais). Países ricos como a Alemanha apostaram e apostam hoje em dia na bicicleta, mas também nas energias renováveis, na agricultura biológica, no transporte público, no ordenamento do território, etc.

Por cá ficam as mais recentes declarações de Carlos Barbosa (Presidente do ACP), querendo impôr o seguro obrigatório aos ciclistas, uma medida que a par de outras como o uso obrigatório do capacete seriam completamente contraproducentes.

No dia em que os ciclistas sejam obrigados a ter um seguro, também os peões (utilizadores do espaço rodoviário) teriam que o ser.

Na verdade, um choque entre um carro e uma bicicleta só poderá ter consequências para o lado da bicicleta. E "provocar" acidentes, tanto uma bicicleta, como um peão, como até um animal o podem provocar e não é por isso que todos devem estar abrangidos por seguros. Se avançarmos com a paranóia dos seguros, então devia ser obrigatório seguro para quem tome banho numa banheira (escorregadia q.b.), para subir e descer escadas ou para comer bifes, que se enrolam na boca e podem asfixiar.

As declarações do ACP são, mais uma vez, de alguém que em nome de uma Instituição se quer colocar contra as bicicletas.

Ainda bem que na Alemanha não pensam assim. 

os mortos e os vivos

Sofia de Landerset, 22.08.13

 

Esta manhã, as capas dos jornais portugueses estão repletas de imagens de um massacre com armas químicas na Síria. A ser verdade, é um acontecimento pavoroso, condenável a todos os níveis, ao matar indiscriminadamente e da forma mais cobarde - se é que matar não é sempre um acto de cobardia.

Entre os mortos, contam-se numerosas crianças.

A mim, basta-me esta frase para o horror atingir a sua forma mais extrema.

Mas aos meios de comunicação social, não lhes basta comunicar isto. 

Há que acompanhar com imagens, não fossemos nós não acreditar. Não fossemos nós não perceber bem a dimensão da coisa.

E há que acompanhar com imagens explícitas, não fossemos nós não ser capazes de visualizar as crianças mortas sem ajuda.

Não deixa de ser curioso que ontem, quando surgiram as primeiras notícias online sobre o ataque, nos sites de notícias internacionais, fomos avisados que as imagens eram chocantes. Quem quisesse, que avançasse para as ver, mas ia avisado.

Esta manhã, não há como escapar.

Somos confrontados com imagens pavorosas, pespegadas em capas de jornais expostos em todas as esquinas.

Eu não preciso de ver imagens de crianças mortas para me doer, e muito, a morte de cada uma daquelas crianças.

Mas acima de tudo, o meu filho de sete anos não precisa de ver imagens de crianças mortas.

O meu filho de sete anos não merece esbarrar com a capa do Público, do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias quando ia comprar pastilhas.

Chamem-me o que quiserem, mas não vejo nenhuma utilidade nesta exibição despudorada de cadáveres de crianças. Nenhuma utilidade para os vivos, nenhuma utilidade para os mortos.

E uma enorme falta de respeito para com aquelas crianças, que mereciam ser protegidas na morte, já que não o puderam ser em vida.

Os Espaços da Europa

JFD, 06.08.13

George Steiner, na sua conferência em terra das tulipas, afirmou «A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo». A acrescentar a tais lugares, recordo-me dos marcantes cafés/pubs de Edimburgo e Dublin, coloridos, clássicos, intemporais e com enorme encanto, que albergam todas as gerações, ao final de cada dia, constituindo-se espaços de socialização por excelência, marcas incontornáveis da vida da cidade, onde se vive, respira urbanismo e momentos de dolce fare niente. A Europa é, pois, feita de espaços culturais, de cafés,livrarias e bibliotecas. A Europa das tertúlias, do teatro, da ópera, dos concertos, dos lounge

A História da Europa é tão feita de momentos - das guerras, dos acordos, da moeda única, dos impérios, da Idade Média, do Iluminismo - quanto de espaços. Lugares múltiplos de partilha, comunhão, diálogos, discórdias, conspirações, prazeres vários. Espaços das letras, da música, do cinema. Do Arc de Triomphe, da Pariser PlatzLa RamblaPiazza Navona, e tantos outros.

 

[também ali]

... a METRO.

Júlio Reis Silva, 05.08.13

 

Há já algum tempo que não utilizava o metropolitano de Lisboa. Para ser sincero, deixando cair o eufemismo que antecede, há mesmo muito tempo que não utilizava este meio de transporte público.

O primeiro impacto deu-se aquando da aquisição do bilhete: o preço aumentou. Um euro e quarenta cêntimos é o preço de uma viagem. Ou seja, se a velha e saudosa moeda do Portugal soberano tivesse curso legal, uma deslocação do Saldanha à Rotunda custaria hoje cerca de duzentos e oitenta escudos.

Já na plataforma de embarque verifiquei uma estranha correlação entre o preço do bilhete e o tamanho das carruagens. O preço do bilhete é inversamente proporcional ao tamanho da composição do “comboio”. Sim, o “metro” encolheu. Hoje, em regra, o “metro” é composto apenas por três carruagens.

Com este emagrecimento “troikiano”, o metropolitano de Lisboa promove, nas horas de ponta, uma política de maior proximidade entre passageiros, convidando-os à partilha de um espaço “intimista” e simultaneamente propício à reflexão sobre a problemática da “escassez dos meios”.

Mas, se o número de carruagens diminuiu, a verdade é que o metropolitano de Lisboa “compensou-nos” com o aumento do tempo de espera nas gares. Não raro, na gare da Rotunda, na linha amarela (a simbologia da cor não é certamente despicienda), o tempo de espera pelo “próximo” comboio chega a atingir os seis minutos.

Não obstante, e porque os seis minutos de espera já se esgotaram, já oiço o “metro” a aproximar-se da gare, continuo a considerar o metropolitano de Lisboa o melhor meio de transporte público da Capital.

O pesadelo de Rosa Araújo Street

Duarte d´Araújo Mata, 01.08.13

Está consumado um novo "remake" da saga fantástica em matéria de intervenções públicas de Carlos Barbosa: Candidato a Lisboa, nada mais nada menos que o número 2 da Lista do PSD/CDS à AML. 
Levanta-me muitas perplexidades esta escolha: o PSD/CDS avaliam como positivas e pro-activas a postura e as orientações defendidas por Carlos Barbosa ao longo destes últimos anos, nomeadamente em matéria de investimento e prioridades na revitalização da cidade e do seu espaço público?

O PSD/CDS revêm-se mesmo nas políticas defendidas por Carlos Barbosa, da aposta do automóvel contra os outros utilizadores do espaço público, entenda-se peões, e mais recentemente também ciclistas?

O PSD/CDS terão a noção de que esta postura e estas orientações, diria radicais, já não colhem na generalidade da população, incluindo claro dentro do seu eleitorado?

O lema de "estar em Lisboa com os dois pés" de Fernando Seara pode ser complementado com "estar em Lisboa com as duas mãos ao volante" de Carlos Barbosa. Embora assustadora esta nova saga, arrisca-se claramente a ser um fiasco de bilheteira na estreia a 29 de Setembro.

Adaptação desta imagem com esta foto