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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Em sentido contrário

Duarte d´Araújo Mata, 30.07.13

O Governo remodelado insistiu e o Parlamento aprovou o alargamento do horário na função pública para 8h diárias, em vez das actuais 7h.

Ainda aguardo um só estudo que demonstre qual a produtividade acrescida desta 8ª hora de trabalho, e que não seja uma "regra de três simples" adicionando um valor horário ao bolo das 7h... porque nada é mais falso que isso.

Gostava também de saber os custos que esta hora adicional significam para o País em matéria de apoio familiar a crianças e idosos.

O caminho para a convergência entre a função pública e o privado seriam as 35h semanais. O caminho para o combate ao desemprego seria flexibilizar os horários de forma a permitir que se trabalhe menos, ganhando menos, mas com isso criar novos postos de trabalho. E porque melhor organização, melhor formação, menos horas de trabalho tem sido a receita Europeia para muito maiores produtividades que a nossa, trabalhar menos e melhor paga-se a si próprio.
É exactamente por esta visão retrógada sobre o que é o desenvolvimento que este Governo não presta, sejam quais forem os Ministros. 
E os deputados que aprovaram este pacote são cúmplices. E bem pode a direita fazer depois discursos sobre aumento das taxas de natalidade ou contra o abandono dos idosos, porque ninguém vai levar a sério, porque o caminho que escolheram vai no sentido contrário.

Imagem AQUI

o álvaro, o pastel e a sorte dos outros

Sofia de Landerset, 23.07.13

Tenho pena de ver partir o Álvaro. Desde que fez campanha pelo pastel de nata, o homem conquistou-me. E não, não estou a gozar. Estou a falar muito a sério.

O pastel de nata e o café Delta são hoje os embaixadores de Portugal. Estão para a nossa imagem lá fora como estavam o Eusébio e a Amália nos anos 60, 70. Com a vantagem de se poder abrir quiosques de pastéis de nata e café Delta em cada esquina do mundo. Vender a Amália ou o Eusébio à fatia era bastante mais complicado. 

Dizem que o Álvaro foi afastado por causa do lobby das energias. Ou das pêpêpês. Ou porque queria que lhe chamassem Álvaro, afronta insuportável num país de doutores e engenheiros.

Seja lá porque for que recambiaram o Álvaro para o Canadá, a sorte é dele e dos Canadianos.

O pior é que eu nem gosto de cerveja.

A Encenação da Confiança

JFD, 23.07.13

A moção confiança ao governo será mais um ato da imensa encenação governativa que vamos vivendo. Infelizmente para o país a mediocridade de Cavaco Silva tem servido de bolha de oxigénio para o governo. A trapalhada do acordo tripartidário caiu pior ao PS, que se viu arrastado para a lama ao procurar, precisamente, fugir dela. Passos Coelho sobrevive num papel de vítima: "A confiança que conquistámos ao longo destes dois anos foi um pouco abalada". Papel que, afinal, espelha bem que só quem precisa do poder se agarra a ele. Por isso, como bem relembra Nuno Ramos d'Almeida, "vamos chegar ao fim do período de intervenção da troika, em Junho de 2014, com mais problemas económicos de que quando a famosa “ajuda” cá chegou". Mantendo-se como ventríloquo de Vítor Gaspar, PPC declarou há dias, em Vila de Rei, que as pessoas gastaram menos do que o esperado e que isso se tem refletido negativamente na economia portuguesa. Esta declaração é um sinal claro de que o governo tem vivido enclausurado e longe da realidade. Sem dinheiro não é fácil às famílias consumirem. Somente Passos Coelho Vítor Gaspar poderia imaginar que com mais impostos e menos dinheiro as famílias continuariam em modo autómato a consumir.

 

[também ali]

Mérito ao Estado Social

JFD, 19.07.13

O Estado Social é imperfeito porque é regido por pessoas. No seu âmago o conceito é absolutamente necessário e o melhor garante ao salto intergeracional e à não reprodução das condicionantes sociais. Ou seja, sem o Estado Social a mobilidade social é posta em causa. Milhares de crianças e jovens estarão depositados ao insucesso escolar fruto não da sua competência mas presos às condicionantes socioeconómicas do seu background familiar. É por isso que o Programa Escolar de Reforço Alimentar (PERA) é tão importante. O seu sucesso é notório quando lemos que 50% dos abrangidos tiveram melhoria no aproveitamento escolar. Somente um governo sem consciência social poderá pensar que o Estado Social é um conceito decrépito. O capitalismo não tem rosto, coração ou dignidade. E tudo isto traz-me à memória Jorge Amado, em Jubiabá:

Já sabiam do seu destino desde cedo: cresceriam e iriam para o cais onde ficavam curvados sob o peso dos sacos cheios de cacau, ou ganhariam a vida nas fábricas enormes. E não se revoltavam porque há muitos anos vinha sendo assim: os meninos das ruas bonitas e arborizadas iam ser médicos, advogados, engenheiros, comerciantes, homens ricos. E eles iam ser criados destes homens (…) no morro onde morava tanto negro, tanto mulato, havia a tradição da escravidão ao senhor branco e rico. 

[também ali]

BEM HAJAS, MADIBA!

Fernando Sá Monteiro, 18.07.13

Hoje é um dia de Festa, de Esperança, de Agradecimento, de Reconhecimento, de Amor e Paz.

Nelson Mandela completa hoje 95 anos.

Dizer alguma coisa sobre Mandela é difícil. As palavras ficam completamente subjugadas pela estatura deste Grande Homem.

Não posso, nem quero, deixar passar esta data sem um abraço à distância e, ao mesmo tempo, curvo-me perante aquele que é, provavelmente, a maior Personalidade do século XX e estende o manto bondoso da tolerância e Amor à Liberdade que pode e deve servir-nos de referência.

Por mais anos que passem, por mais séculos que o Mundo prossiga no caminhar do Futuro, Nelson Mandela será sempre uma das grandes e mais eminentes Figuras da Humanidade.

Não sei escrever mais nada, pois que as minhas palavras apenas demonstram como me sinto pequenino e insignificante perante tamanha dimensão Humana.

Deixarei, tão somente, uma lágrima de comoção e aquele beijo de Fraternidade a um Homem que pode e deve ser considerado como um Pai que abraça a Humanidade e lhe dirige uma lição de Bondade; Paz, Fraternidade e Amor.

Bem hajas, Madiba!

O potencial das Selvagens

Duarte d´Araújo Mata, 18.07.13

Acho Cavaco um fraquíssimo Presidente da República e tenho-o expressado com toda a clareza.

Mas custa-me que tenha tomado a decisão de marcar uma posição institucional nas Selvagens e ser criticado por gastar 160.000EUR, associando a sua viagem a "férias". Até porque para férias, mais valia ter ido em viagem à Madeira ou ao Porto Santo.

Considero que as Selvagens são pontos estratégicos do território Português com implicações na Zona Económica Exclusiva muito relevantes e com um potencial económico (e ecológico) imenso e de certeza ainda incalculável.

Critique-se Cavaco porque não faltam motivos para isso, mas esta viagem, peço desculpa, mas é de aplaudir.

Imagem adaptada de AQUI

De um governo de Esquerda à Salvação Nacional: os tempos da desordem em que vivemos.

JFD, 17.07.13

Cavaco Silva procurou ser Presidente da República dos consensos, do status quo e da sobrevivência pessoal e do PSD. Ao governo PSD-CDS junta-se o PS, que de livre vontade caminha para a forca numa situação em que reconhece que será "preso por ter cão e preso por não ter" - a convergência com o governo é conivência com o rumo, a não convergência é procura desesperada pelo poder. O CDS, com ou sem a boa disposição de Paulo Portas (que viu fugir as rédeas do governo acordado com PPC), está empenhado na salvação nacional de iniciativa presidencial

Os excluídos - porque a Cavaco Silva a esquerda faz comichão e nada tem a oferecer ao país - pretendem um alinhamento próprio e alternativo. O BE quer convergir as forças canhotas, enquanto o PCP como tradicionalmente o faz, exclui o PS. Será neste jogo entre iniciativa presidencial e convergência maior ou menor à esquerda - que ficará responsável por fazer oposição - que se encontra depositado o rumo do país. Não é bom o horizonte.

 

[também ali]

Erecções financeiras

Duarte d´Araújo Mata, 16.07.13

Quando investir na finança começa a ser pouco atractivo, os Media (ditos sérios) tentam manter o interesse dos investidores, e quem sabe até do público em geral, mesmo os que não têm dinheiro para nada.

Se a realidade até puder ser frouxa, o que interessa é a percepção que passa das capacidades...

 Ver AQUI

 

Cavaco decide prolongar a crise: Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é o nosso Fado!!!

Fernando Sá Monteiro, 11.07.13

 

 

 Mais uma vez Cavaco Silva mostrou a sua verdadeira face: a de um homenzinho incapaz de tomar posições claras e corajosas, antes tentando passar por entre os pingos da chuva sem se molhar.

Impossível, senhor PR!

Na verdade, depois de naturalmente nos explicar (como se fosse preciso) as consequências nefastas de eleições antecipadas neste momento, acaba por atirar para os partidos (PSD, PS e CDS) o ónus da resolução da crise.

Mas, será que esta solução é sinceramente visionada pelo lamentável PR?

Obviamente que não. Ele sabe que esse "acordo de salvação nacional" não existirá e, se for sequer tentado, irá deixar-nos no fio da navalha.

Depois, não deixa de ser irónico que quem tanto se preocupa com as consequências nefastas para os mercados de uma indefinição e instabilidade governativa, acabe por deixar em cima da mesa, por um tempo não determinado, uma incógnita digna de irresponsáveis.

Lamento, sinceramente, que neste País massacrado, não seja possível constitucionalmente correr com um PR deste quilate e deixá-lo regressar aos seus dotes como professor e economista. Ficaríamos bem melhor!

Ora deixemos ver a solução.

Diz Cavaco, depois de tudo o resto, que o Governo existe com toda a legitimidade e suportado por uma maioria na AR. Verdade de Monsieur de Lapalisse.

Por outro lado, passa completamente ao lado, sem uma única referência, à solução apresentada pelos dois chefes partidários do Governo. Ou seja, somente se pode depreender que recusa a solução que lhe foi apresentada.

Sendo assim, duas dúvidas pairam no meu espírito: se Paulo Portas apresentou a sua demissão por desacordo pela solução encontrada após a saída de Vitor Gaspar; se essa demissão era irrevogável e somente se tornou revogável com a fórmula posteriormente apresentada ao PR, que não só o elevava a Vice-Primeiro Ministro e com a responsabilidade pela coordenação das políticas económicas e do relacionamento com a 'troika', como assegurava uma maior e mais forte participação do seu pequeno mas indispensável partido na constituição do novo Governo, maxime na pasta da Economia (como Pires de Lima), não será expectável que Portas volte atrás e mantenha a sua demissão?

E, que dizer de Passos Coelho? Por mais vontade e teimosia que mantenha, não será expectável que o Primeiro Ministro entenda que a solução agora avançada por Cavaco nada mais é do que uma total falta de confiança nele que se confirma ao colocar em cima da mesa as célebres eleições antecipadas (para Junho de 2014), tornando assim, irremediavelmente, este Governo como um governo a prazo, quase se podendo classificar como um governo de gestão até aquela data? Finalmente, se este Governo se mantém assim, quais as condições para governar com um mínimo de estabilidade e como haverá possibilidade de as agências de rating e os mercados não condenarem Portugal a uma violenta baixa no rating e a taxas de juro enormes e incomportáveis?

A não solução apresentada por Cavaco apenas "chuta a bola" para os partidos. Até aí poderemos entender que é justo, mas também se concluirá que escusaríamos de ter que manter uma Casa e um PR completamente inúteis, altamente dispendiosos (este PR conseguiu ultrapassar os gastos dos seus antecessores), além de nos poupar no vexame constante da possidonice de um casal que desconhece totalmente as exigências de uma postura de Estado e se comporta como um casal ridículo e sem categoria para tal estatura no aparelho do Estado.

Pela minha parte, se estivesse no lugar de Passos Coelho e Paulo Portas (coisa totalmente impossível, como podem calcular, até pela impossibilidade de me comportar como qualquer deles), tomaria uma só atitude de "lavagem de face": apresentaria à AR uma moção de confiança e depois esfregaria na cara do PR a decisão.

Como ele entende que é a AR que deve decidir tudo o que se passe e altere as condições de governabilidade, mesmo quando essas condições atingem, sem qualquer dúvida, "o regular funcionamento das instituições", então Cavaco ficaria no papel de que tanto gosta e para o qual se acomodou (excepto, se os meus leitores ainda se recordam e não têm memória curta, quando o Primeiro Ministro era Sócrates, pois aí ele bem clamava publicamente para que o povo se levantasse contra os cortes dos subsídios e salários, além da sua pobre pensão, e censurava o governo de então pelas políticas de austeridade que considerava já insustentáveis).

Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é o nosso Fado!!!

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