Minhas Amigas e Amigos, chegou a hora de largar a comodidade do sofá e transformarmos a nossa bandeira.
É de uma verdadeira Revolução que estou falando!
Na verdade, não basta contabilizar o número de pessoas que estiveram ontem nas manifestações de rua. Afinal, as manifestações nos que ficaram dentro de casa, nos que estiveram silenciosamente a manifestar a sua Revolta nos empregos que ainda conseguem manter, temporariamente, a maioria com salários miseráveis e de mera sobrevivência humana, foram e são, provavelmente, maiores ainda do que as que se tornaram visíveis.
Há uma "criaturinha" que diz ser Presidente da República. Existe, como num conto de fadas, dentro de um Palácio que nunca imaginou frequentar, muito menos aí viver mesmo que temporariamente. Essa "criaturinha", que diz ser Presidente da República, tem uma ideia da sua "magistratura" muito singular. Ele entende que existe para "pastar" pelos corredores do Palácio, exibindo a outra "criaturinha" possidónia como ele (senão pior), que dá pelo nome de "Madame Maria", "mailos" descendentes que algumas vezes se pavoneiam, qual família real dos filmes negros, junto aos "reais" progenitores daquela dinastia de anedota.
Pois essa "criatura" que dá pelo nome de Presidente da República, entende que o seu papel é de "moderador". Curiosa e inócua visão do cargo. Afinal, ele modera quem, o quê e quando???!!!
Na minha visão de Revoltado, a "criaturinha" que dá pelo nome de Presidente da República não existe para nada. É, verdadeiramente, uma mera "Sede Vacante", no pior sentido, pois que da "morte" (já que este nunca se demitiria) não se vislumbra uma "sucessão" que nos ajude a regressar a um Portugal renascido em Dignidade e Honra. Pois, eu sei, não está agora em causa a discussão República versus Monarquia. Infelizmente, na minha visão não alinhada, passámos há muito essa dualidade de Chefia de Estado, pois que estamos já numa situação de luta pela sobrevivência. E essa, por mais que magoe os meus Companheiros monárquicos, já não passa agora por mudança de "Regime", muito longe disso.
Digo e repito: é de uma Revolução que estou falando! O Povo é que mais ordena, grita-se dia a dia. E será que o Povo, essa entidade muitas vezes usada meramente para bandeira de certas elites, conseguirá arrancar e quebrar as amarras e grilhetas que lhe impõem?
O que está em causa é muito poderoso. O que está em causa tem forças ocultas, tem poderes diabólicos, tem capacidade para anular os gritos de revolta e os choros de dor e impotência dos que vão morrendo na miséria humana mais aviltante.
Mas existe ainda uma réstia de Esperança: Mudar nem que seja de forma menos pacífica. O pacifismo tem os dias contados neste "reino à beira mar plantado", pois quando as autoridades que todos nós elegemos se mostram incapazes, incompetentes ou somente pretendem manter os seus estatutos, então é a hora da Revolta. Pois não são constitucionais a Fome e a Miséria, não é constitucional a Covardia, não é constitucional a neutralidade e a indiferença social.
Há o Direito à Indignação! E quando essa indignação não é ouvida por quem o deve fazer, então é chegada a hora de tomarmos o nosso Futuro e a nossa Sobrevivência nas nossas próprias mãos.
Como escreveu Zeca Afonso, "A Morte Saiu à Rua num Dia Assim"!
"Vós que lá do vosso Império prometeis um mundo novo, calai-vos, que pode o povo querer um Mundo novo a sério." (Antonio Aleixo)
Dos partidos do arco do Poder nada há a esperar. Assim sendo, retirando o PSD e o PS, por completa inutilidade para essa Mudança pretendida, o que nos resta? Criar algo novo, com palhaço ou sem palhaço? Ou dar a voz e o Poder à Esquerda, PC e BE?
Afinal, aproxima-se o momento que poderá ser perigosamente radical em que diremos que já nada teremos a recear destes partidos, pelo radical que se lhes associa. Radicais, eles? E este Poder que corrompe e destrói a Esperança de Jovens e Velhos, de uma classe media completamente "amordaçada" e perseguida, é o quê? Um Paraíso terrestre onde se pavoneiam uns quantos "arrotando" que os outros "aguentam, aguentam"?
É hora de Mudar e substituir o "aguenta, aguenta" pelo mais saudável "ARREBENTA, ARREBENTA"!
E quando as instituições se mostram inoperantes, incompetentes ou covardemente acomodadas, que Caminho ou Alternativa nos fica?
Todos nós somos chamados a essa Mudança, independentemente das nossas opções políticas e ideológicas. Tenho sede de uma fraternidade efectiva entre os seres humanos, sentindo uma enorme impotência perante um Mundo onde a miséria humana e social são a vergonha de todos nós.
" (...) Ouvi banqueiros fascistas
Agiotas do lazer
Latifundiários machistas
Balofos verbos de encher
E outras coisas em istas
Que não cabe aqui dizer
Que aos capitães progressistas
O povo deu o poder!
E se esse poder um dia
O quiser roubar alguém
Não fica na burguesia
Volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
Que em boa hora o pariu
Agora ninguém mais cerra As portas que Abril abriu! (...)"
("As Portas que Abril abriu", José Carlos Ary dos Santos)
Que estas minhas pobres Palavras sejam a ruptura com a neutralidade e a indiferença, como cidadão de um Portugal que urge fazer ressurgir na sua Dignidade e Vocação Histórica.