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Aguentem aí os cavalos!
De cada noticia que sai sobre a existência de carne de cavalo, estamo-nos claramente a afastar do cerne do problema. Diria dos problemas. São dois.
O que se evidência nesta trapalhada da carne de cavalo é, por um lado, a exposição da complicada teia dos fluxos de carne a uma escala internacional, dos seus intermediários. Por outro lado da relativa falta de controlo eficaz: o facto dos consumidores comprarem uma coisa e estar lá outra.
Quando se fala de mais um caso de apreensão de carne de cavalo, a imprensa trata "o cavalo" como sendo qualquer coisa como terem apanhado carne de cão ou de gato. O cavalo é uma carne habitualmente consumida e, diz quem está mais informado, um alimento com muitas vantagens e qualidades.
A industrialização da carne e os seus circuitos é que são o verdadeiro problema, o de que poucos falam. Os dois aspectos que antes referenciei enfermam do mesmo mal: vivemos uma sociedade do "fast food", da comida sem rosto, uniformizada, artificial.
Fazem-se cada vez mais manifestações pró-animais com os mais diversos motivos, mas eu foco-me agora nas que são contra as touradas pois consomem uma desiquilibrada quantidade de energia face "ao problema" em causa. Note-se que sobre esta situação, diria pungente, da carne sem rosto, das "fábricas" que as criam e as abatem e que nos inunda os supermercados e restaurantes, não me lembro de nenhuma manifestação relevante. Já o touro, referenciado, que vive nas Lezírias, livremente, correndo e pastando sem problemas até à hora da sua morte na arena, gerando com isso a viabilidade dos referidos agrossistemas de sequeiro, só porque o seu abate envolve sangue "à vista", monopoliza todas as energias. É caso para dizer que longe da vista, longe do coração.
Nota: A carne sustentável, as nossas raças autóctones, de pasto e criação ao ar livre, deviam conseguir retirar proveitos deste caso. Comer muito menos carne, mas quando o fizermos, comê-la com qualidade é um imperativo de saúde e uma escolha cada vez mais acertada.
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