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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

A eterna credulidade ocidental *

Pedro Quartin Graça, 31.01.11

A Tunísia já caiu. Entrou em fase revolucionária e, como em todas as revoluções, começa pela fase dos moderados. Os moderados vão ser destruídos pela dinâmica. Falam em paz, em liberdade e harmonia, mas quem fez a revolução não foi nem gente pacífica aspirando à liberdade, nem gente que pretende a harmonia. É uma revolução e quem comanda as revoluções são homens violentos, radicais e defensores de soluções extremas. O mesmo no Egipto. Hoje, patética, a Secretária de Estado Clinton, pedindo ao exército que se "domine" e não recorra à violência. É o melhor presente que se pode dar à rua; inibir as forças da ordem de usarem da violência legal e legítima para evitar a instalação do caos. Assim foi no Irão e o resultado é o que sabemos. O Islamo-nazismo parece estar a um passo de tomar o poder no Egipto, o mais importante dos Estados árabes e os ocidentais pedem...moderação.

Esta é a eterna tentação dos ocidentais: assistirem, sem risco de perder cabedais a uma revoluão longe, bem longe das suas casas aclimatizadas. Há um ano assisti em directo, no terreno, a algo muito parecido na Tailândia. As sirenes estridentes da "boa consciência" ocidental, habitualmente montadas sobre ordenadões, dando lições e aconselhando o governo tailandês a negociar com a rua. Felizmente, o governo tailandês negociou com a última ratio dos Estados e ganhou. Só peço que o governo egípcio não tergiverse e mande avançar, tão cedo quanto possível, com os tanques. Se não o fizer, o centro do terrorismo de Estado mundial sairá de Teerão e passará para o Cairo, a menos de dois mil quilómetros da Europa.

 

Por: Miguel Castelo-Branco, in Combustões

Não são de confiança *

Pedro Quartin Graça, 31.01.11

Pronto, os americanos querem-se desembaraçar de Mubarak, o homem que ao longo de trinta anos foi um "close ally" e um "best friend" em todas as campanhas militares - feitas em nome da democracia, claro - que os states desencadearam contra as "forças do mal". Não se pode, decididamente, confiar num aliado que trai as mais elementares expectativas, que entrega os amigos protegidos à maré vindicativa e limpa as mãos sem uma molécula de remorso. As relações entre Estados não são como as relações entre pessoas, mas pede-se um mínimo de coerência e até elementar espírito humanitário em relação à sorte das pessoas. Se os americanos fizeram o mesmo connosco, com Somoza, com o Xá da Pérsia, com Lon Nol no Camboja, com Van Thieu no Vietname do Sul, por que razão não o farão com Mubarak ? Da minha experiência com tal gente ficou-me sempre a ingrata sensação de estar a falar com pessoas absolutamente estúpidas e amorais. Quando não há sonante em perspectiva, no business !

 

* Por Miguel Castelo-Branco, in Combustões

Descobrir a careca do Coelho

Pedro Quartin Graça, 30.01.11

Um dava electrodomésticos, outro dá dinheiro! Foi esta a forma de lançamento do agora afamado José Manuel Coelho. A compra de simpatias por parte de um comunista que faz parte de um partido de extrema-direita, um deputado que, em 1028 dias de mandato na Assembleia Regional, cometeu a proeza de apresentar apenas uma proposta legislativa: a construção de uma estátua de AJJ, com 50 metros de altura e escada interior...

E, já agora, uma pergunta: Porque é que nunca ouvimos, nem o Sr. Coelho nem o PND, falarem mal dos Grandes Barões da Madeira, os famosos Blandy, o Pestana ou mesmo o Berardo. Alguém sabe responder a isto?

E, por último, nada como apanhar um Coelho a mentir. Recordam-se do ex-candidato ter dito que só ia gastar 3 ou 4000 euros na campanha? Pura ilusão e maior o engano. O orçamento entregue no Tribunal Constitucional é elucidativo: foram só trinta vezes mais: 90.000 mil euritos porque isto de fazer campanhas de borla não faz o género da "Madeira velha", não é? Será pelo facto dos "chefes" Baltazar Aguiar e Welsh serem grandes Barões da Madeira e abastados proprietários locais? Como diria o outro, "Não me acredito"...

E para concluir, parafraseando um beneficiário da distribuição de "eros"coelhistas  ocorrida no Funchal: "isto é um trabalho bem feito"! Oh se é!

Renovar a Democracia

Pedro Quartin Graça, 26.01.11

No mesmíssimo dia em que o Tribunal Constitucional decidiu legalizar um novo partido político o qual, de forma surpreendentemente (?) arrogante, se intitulou como “o primeiro partido ecologista realmente independente”, e por mera coincidência, o MPT - Partido da Terra renovou as suas redes sociais, quer os seus blogues, quer as suas contas no Facebook, entre outras. E o novo lema utilizado é precisamente "Renova a democracia", mote que muito diz acerca da actual situação da democracia portuguesa e da necessidade de para a renovação da mesma de partidos políticos como o MPT mas também abarca as matérias das energias renováveis. Para quem tenha interesse conferir as alterações por exemplo aqui.

Downing Street entregue aos ratos!

Pedro Quartin Graça, 25.01.11

Depois de Obama ter escolhido um cão para ser o novo ocupante da Casa BrancaDavid Cameron tem um gato no número 10 de Downing Street. A razão é um pouco diferente, uma vez que a necessidade de ter um gato está relacionado com a praga de ratos que invadiu a residência oficial do primeiro-ministro inglês.

O ionline revela que a praga foi descoberta pelas câmaras de televisão britânicas que captaram os roedores a correr pela residência de Cameron. Tudo começou quando há uns dias um jornalista da BBC que fazia uma reportagem em frente da residência de Downing Street viu uma ratazana no ecrã da câmara.

No passado Domingo, enquanto Lucy Manning, da ITV, fazia a sua crónica política em frente à residência, foi também possível ver roedores a passearem-se à porta da residência. Manning chegou mesmo a comentar o episódio no seu Twitter: "Eram grandes e não eram nada tímidas, corriam entre o número 11 e o número 10."

Mesmo com as tentativas de desvios de atenção do caso por parte do porta-voz da residência, foi mais tarde admitido que o primeiro-ministro já tinha tomado iniciativa para arranjar um gato que solucionasse o problema. Cameron já adoptou um gato de um centro de acolhimento de animais, mas o nome do felino ainda não é conhecido.

 

Uma ilha só para porcos!

Pedro Quartin Graça, 25.01.11

 

Uma ilha paradisíaca e de águas cristalinas só para porcos parece anedota mas é verdade, revela do DN de hoje. As águas cristalinas das Caraíbas fazem parte dos sonhos de qualquer turista, ansioso por fugir ao rebuliço da cidade e gozar uns merecidos dias de férias. Pig Island, oficialmente Staniel Cay, é uma ilha habitada somente por porcos onde Jim Abernethy, um fotógrafo da Flórida, registou o dia a dia dos suínos naquele paraíso de águas claras e tépidas no meio das Bahamas. A pequena ilha abriga porcos há séculos, que foram lá introduzidos por marinheiros como garantia de reservas de alimentos durante as suas longas viagens. Acontece que os homens nunca mais lá voltaram e os animais criaram uma verdadeira colónia independente e de fazer inveja a qualquer um.

António Barreto "arrasa" 3ª República *

Pedro Quartin Graça, 25.01.11

 

O Presidente eleito não vai ter surpresas. Já sabe que país tem e o estado em que se encontra. O Governo e os partidos também não. Sabem o que têm e o que fizeram. E sobretudo o que adiaram. Surpresas, a breve prazo, talvez as tenham os cidadãos.

 

O nó cego na vida política portuguesa e o impasse na actividade económica e na situação financeira exigem acção. Depois de cinco anos de adiamento e de agravamento, após quase dois anos de suspensão e azedume, já não é mais possível fazer de conta, protestar de modo impotente ou olhar para o lado. O que se segue a esta eleição de calendário não é previsível. Grande remodelação? Coligação tardia? Demissão do Governo? Dissolução do Parlamento? Iniciativa presidencial? Novas eleições? Novos pacotes de austeridade? Chegada do FMI e do Fundo Europeu? Nova intervenção política da Alemanha e da União Europeia? Tudo pode acontecer. Os dirigentes políticos nacionais já quase não são mestres da sua decisão. As grandes instituições nacionais parecem cercadas e incapazes. Tal como estiveram desde as últimas eleições legislativas, há quase ano e meio, à espera de umas presidenciais ineficazes.

Ignorância e covardia

A falta de previsibilidade é má conselheira. Pior: revela a miopia dos responsáveis políticos, reféns de interesses particulares e de instâncias internacionais. Tudo o que podia ter sido feito há anos (coligação de governo, aliança parlamentar, plano nacional, programa de emergência, recurso financeiro internacional, etc.) foi adiado de modo incompreensível, por causa da incompetência, da ignorância, da covardia e da cupidez dos agentes políticos. Tudo terá de ser feito em piores condições e em mais terríveis circunstâncias. Há três ou quatro décadas que a história do nosso país é uma frustre sucessão de adiamentos. O fim da guerra, a democracia, a liquidação das "conquistas" de 1975, a abertura da economia, a revisão da Constituição, a reforma da Administração Pública e da justiça: eis, por defeito, uma breve lista do que fizemos tarde e mal, quando podíamos ter feito cedo e bem.

No rescaldo das eleições presidenciais de 1996, detectavam-se facilmente os problemas políticos mais importantes para os quais uma resolução era necessária e um esforço urgente: a justiça e a corrupção. Nestes cinco anos, essas dificuldades agravaram-se. Justiça deficiente e corrupção alimentam-se reciprocamente e combinam à perfeição com um sistema de partidos e de governo que as tornou indispensáveis à sua manutenção. A Administração Pública submeteu-se ainda mais à voracidade partidária. Alguns interesses económicos, os que mais dependem do Estado e os que menos escrúpulos têm, souberam capturar as instituições públicas e a decisão governamental. Certos interesses profissionais e corporativos conseguiram também, por outras vias, fazer o Estado refém e organizar, a seu proveito, os grandes serviços públicos e sociais. Assim, o Estado perdeu a sua liberdade, a sua isenção e a sua capacidade técnica e científica. É o administrador dos interesses de algumas corporações e de alguns grupos económicos. Por esse serviço, o Estado cobra, para os partidos, uma gabela ou um tributo. A corrupção, em Portugal, não é apenas o pagamento ilegal feito para obter vantagens públicas. É um sistema, frequentemente legal, de cruzamento de interesses e favores, de benefícios e vantagens, ao qual ninguém, nos superiores órgãos de poder político, parece querer realmente colocar um travão. Fora dos órgãos de poder político, só a justiça poderia ser, em teoria, um freio e um antídoto a este sistema. Acontece que a justiça se transformou também em parte integrante deste sistema. A sua ineficácia ainda é o menor dos males. Bem pior, na verdade, são os protagonistas e os principais activistas do sistema judiciário (conselhos superiores e sindicatos) que pretendem agora, explicitamente, uma maior fatia dos proventos económicos e do poder político.

Democracia em perigo

 

O Governo, refém interna e externamente, administra a democracia como quem preside ao saque do Estado: na economia, satisfaz, para além das exigências do país, os interesses económicos; na sociedade, distribui, mesmo sem os recursos necessários, a protecção social. Enquanto houve crescimento económico, rendimentos e crédito externo, o Governo e os seus partidos alimentaram a democracia com aquela distribuição, compatibilizando assim as mais absurdas, socialistas e sectárias políticas sociais de saúde, educação e segurança social, com as mais predadoras e vorazes iniciativas capitalistas. Este mundo improvável acabou. Os recursos financeiros esgotaram. O crescimento económico estagnou. O crédito evaporou-se. Pela primeira vez, em trinta anos, a democracia portuguesa está em perigo, porque perdeu os seus instrumentos favoritos. A nossa democracia ligou-se perigosamente aos favores concedidos e à demagogia providencial. Sem esquecer o facto de que a confiança nas instituições políticas, públicas e judiciárias, essencial à liberdade, estiola.O clima é mais importante do que o raio de sol ou o aguaceiro de passagem. Criar riqueza e favorecer o investimento é essencial, mas tal não se fará sem um novo enquadramento geral. Decretos e truques de cartola nada resolvem, sem a confiança dos cidadãos e dos agentes económicos. Sem certeza e estabilidade, as intenções e as oportunidades são miragens. Sem lealdade legislativa, ninguém, cidadãos ou empresas, pode planear as suas actividades. Uma boa estatística, que inebria os medíocres, será sempre contrariada pela seguinte, bem mais cruel.

Portugal parece não estar dotado das instituições políticas, dos órgãos de poder, de partidos políticos e de dirigentes à altura de resolver alguns dos problemas essenciais do presente. O processo político português está de tal modo feito que tudo contraria os esforços políticos para reordenar a vida pública e encarar de modo duradouro as necessidades de emergência. As soluções encontram-se na relação entre sociedade e responsáveis políticos, não mais em golpes de sorte partidários, em personalidades impolutas ou em arranjos de gabinete. Com perícia e responsabilidade, as soluções serão graduais e pacíficas, mas rápidas. Sem o que, bruscamente, nada de bom resultará. Impõe-se uma paz partidária, nem que seja apenas entre alguns partidos. E é necessária uma trégua social honesta e equilibrada. Sem abdicar da sua autonomia, patrões e sindicatos precisam de encontrar um ponto de entendimento sem intervenção dos partidos.

Portugal em 2016

As peripécias, os acidentes de percurso, o carácter de algumas individualidades, a futilidade de tantos comportamentos políticos e a inutilidade das declarações públicas continuarão a ilustrar o roteiro da nossa jornada futura. Mas é possível detectar, indelével, sob a espuma do efémero, o percurso principal.

Dentro de cinco ou dez anos, Portugal poderá ser governado de modo diferente. Com mais ou menos democracia. Em completa dependência do estrangeiro ou com uma relativa autonomia. Com graus de corrupção pelo menos controlados ou na submissão a uma partidocracia insaciável. Com novos partidos, novo sistema de governo e um regime diferente. O governo de maioria poderá ser a regra, mas a deriva minoritária poderá prosseguir. O regime parlamentar ou presidencial poderá substituir este arremedo que nos rege, fruto da invenção delirante de juristas medrosos e académicos sem visão da realidade. As eleições poderão ser nominais, mas a ditadura dos partidos poderá também manter-se no alheamento do soberano e dos direitos individuais. Os dilemas são estes. Inelutáveis. Mas as escolhas são nossas. Pelo menos em parte. 

Sociólogo

 

* In Público

Frases que causam impacto (10)

Pedro Quartin Graça, 25.01.11

"O DISCURSO de vitória de Cavaco Silva é revelador do seu carácter e personalidade. Em vez de responder na altura certa às suspeições que sobre ele foram levantadas, preferiu esconder-se atrás de uma vitoriazinha de Pirro para "vingar-se" de quem, em pleno exercício do seu direito, o questionou em sede própria sobre o seu envolvimento no "folhetim SLN/BPN" e até da atribulada compra e venda das vasas de férias algarvias. Como aqueles miúdos que aproveitam a presença do "paizinho" para insultarem os colegas, Cavaco aproveitou o discurso para "ajustar contas" com os seus adversários na corrida presidencial. Feio, muito feio, até para quem nunca conseguiu desmentir nenhum dos factos (repito, factos) que foram divulgados sobre as suas operações financeiras e imobiliárias..."

 

João Paulo Fafe

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