... e a mais-valia das letras
Mario Vargas Llosa escreveu uma vez uma crónica sobre a necessidade de ler. Não sobre as vantagens, mas sobre a necessidade de ler. Porquê? Porque, escrevia ele, quem não lê não não alarga nem exercita o seu vocabulário e, em resultado directo e inevitável, fica menorizado. As coisas vão correr-lhe pior do que poderiam correr, porque muitas vezes não compreenderá frases e ideias que lhe era vantajoso ou indispensável compreender; e outras vezes não conseguirá exprimir ou exprimir exactamente aquilo que lhe era útil ou necessário exprimir. E, portanto, fica mais pobre, não em sentido espiritual, mas na mais concreta das acepções. Altura em que - digo eu mais rasteiramente - pode resolver-se a aprender, ou então a pensar, como os incuráveis, que a culpa é dos ricos, do país, dos intelectuais, da sorte, de Deus.