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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

... e a mais-valia das letras

José Mendonça da Cruz, 30.11.08

          Mario Vargas Llosa escreveu uma vez uma crónica sobre a necessidade de ler. Não sobre as vantagens, mas sobre a necessidade de ler. Porquê? Porque, escrevia ele, quem não lê não não alarga nem exercita o seu vocabulário e, em resultado directo e inevitável, fica menorizado. As coisas vão correr-lhe pior do que poderiam correr, porque muitas vezes não compreenderá frases e ideias que lhe era vantajoso ou indispensável compreender; e outras vezes não conseguirá exprimir ou exprimir exactamente aquilo que lhe era útil ou necessário exprimir. E, portanto, fica mais pobre, não em sentido espiritual, mas na mais concreta das acepções. Altura em que - digo eu mais rasteiramente - pode resolver-se a aprender, ou então a pensar, como os incuráveis, que a culpa é dos ricos, do país, dos intelectuais, da sorte, de Deus.         

O triunfo dos iletrados ...

José Mendonça da Cruz, 30.11.08

        Finalmente, por Marcelo Rebelo de Sousa, hoje, na RTP1, a citação exacta da frase de Cavaco Silva após receber Dias Loureiro: «Não tenho de momento razões que me façam duvidar da garantia solene que me foi dada.»

        E como a frase foi entendida por muitos jornalistas: «Cavaco acredita em Dias Loureiro».

        Entre uma e outra coisa, vai um mundo de diferença (e subtileza, e rigor). Esse mundo é a distância que vai de quem sabe e cultiva a língua, por um lado, à iliteracia, por outro, aos que não têm as ferramentas para compreender ou exprimir-se rigorosamente.

       Nenhum iletrado sabe ou suspeita (nem pode saber, nem suspeitar) que quem conhece e cultiva a língua, ao falar  (e mais quando fala em público) utiliza determinadas palavras porque quer e porque elas são necessárias; não utiliza outras palavras, porque são deslocadas ou não traduzem o seu pensamento; e que cada elemento da frase ou oração desempenha um papel útil, não podendo ser descartado sem sacrifício do sentido.

       Eu sei que há muito enviesamento político por detrás de algumas faltas de entendimento. Mas trato agora só dos iletrados, cada vez mais numerosos, com cada vez mais franco acesso à antena e ao papel, e cada vez mais categóricos e atrevidos, como só os ignorantes sabem ser.

        A defesa da língua portuguesa também consiste nisto: insistir em que, caso a frase culta não caiba no sound-byte, é o sound-byte que é pobre e inepto, não quem falou ou escreveu bem.

Outros riscos II

João Eduardo Severino, 30.11.08

O nosso blogue tem sido alvo das mais variadas atenções e "mimos" de quantos se mantêm muito atentos ao que se passa na bloga. Hoje fomos cumprimentados por um dos melhores bloguistas, o Pedro Correia, que no Corta-Fitas escreveu assim: "Risco Contínuo é nome de um novo blogue onde conto vários amigos, já em laboração contínua. Bem-vindos, parceiros". Aqui fica um abraço de agradecimento.

A sua Lisboa aos 86 anos

João Eduardo Severino, 30.11.08

Lisboa, História Física e Moral é um livro fascinante. O seu autor, José-Augusto França, aos 86 anos, oferece-nos esta obra memorável através da qual narra as crises e as glórias da capital, o comportamento, as vaidades e as devoções dos lisboetas. O emérito historiador, crítico de arte e olisipógrafo apresenta um livro com 850 páginas onde se cruzam urbanismo, economia, política e cultura e que nos levam desde os movimentos da Placa Ibérica ao longo do período jurássico até ao início do século XXI.

Ronaldo já não merece

João Eduardo Severino, 30.11.08

Ontem, vi o encontro de futebol entre o Sevilha e o Barcelona para a Liga espanhola. Fiquei impressionado com o avançado argentino Messi. Depois do show que deu em Alvalade foi a Sevilha marcar dois golos fabulosos, ajudando a sua equipa a vencer por 3-0 e a confirmar-se no topo da classificação. Vem isto a propósito porque discute-se o prémio do melhor futebolista do mundo. Em causa está a escolha entre Cristiano Ronaldo e Messi. O Ronaldo já não merece o título. Ultimamente armou-se 'aos cucos' e tem passeado a sua vaidade e arrogância pelos estádios, sem qualquer brilho. Hoje, no derby Manchester City-Manchester United foi expulso por acumulação de amarelos. Ronaldo vai de mal a pior...

23 bocejaram

João Eduardo Severino, 30.11.08

 

Foto Leonardo Negrão/DN

 

Na última sessão da Assembleia da República foi aprovado o Orçamento de Estado para 2009. O ministro das Finanças Teixeira dos Santos discursou e aborreceu os presentes com tanta lamúria. O primeiro-ministro José Sócrates bocejou. Naquele momento, por contágio, bocejaram 23 deputados. José Sócrates estava aborrecido ou estava com falta de oxigénio no sangue. É verdade, a discussão é antiga e pertinente. O bocejo é contagioso e pode ter um impacte forte e imediato. Bocejar continua sob uma auréola de mistério, com origens antigas. Vários animais bocejam: crocodilos, peixes, primatas, cães e pássaros. Um fenómeno que também já foi constatado em bebés recém-nascidos e fetos humanos. Os cientistas continuam a fazer testes sobre o bocejo e sabe-se que chimpanzés adultos expostos a vídeos com chimpanzés a bocejar acabaram também por fazer o mesmo. A sabedoria tradicional insiste que bocejamos quando estamos aborrecidos.

No entanto, os especialistas já detectaram bocejos em atletas profissionais mesmo antes de uma competição, em artistas antes de entrarem em palco e em cães a prepararem-se para correr. As mentes mais científicas defendem que bocejamos quando temos falta de oxigénio no sangue ou um acréscimo de dióxido de carbono nos nossos sistemas. Por ouro lado, há quem afirme que o bocejo representa vontade de dormir. Essa tese é contrariada por aqueles que lembram a prática do bocejo, muitas vezes, na hora a seguir a acordarmos de um sono profundo. Resta-nos esperar que o mistério seja descoberto e talvez fiquemos a saber ao certo porque bocejou José Sócrates...

Divorciai-vos a bem da receita

José Mendonça da Cruz, 30.11.08

Já está. Com a aprovação do Orçamento de Estado com os votos socialistas, os divorciados que pagavam pensão alimentar dedutível a 100% no IRS, passam a descontar apenas 20%, mais uns cobres para a garganta funda desta visão de Estado. Depois de uma lei facilitadora do divórcio (contra todas as advertências de quem pensa e age «o social», e não se limita a encher a boca com ele), o saque.

     «Senhor lobo, porque quer que o meu divórcio seja mais fácil que desmarcar um encontro de café?»

     «Para melhor te espremer, meu filho.»

Dia de estreia

Duarte Calvão, 30.11.08

 

Durante quase uma semana fora de Portugal, não pude estrear-me aqui a 25 de Novembro, dia da fundação deste blog, mas creio que não fiz falta nenhuma, tal a quantidade e qualidade de posts que já entrararam. Como gosto das coisas claras e não quero passar a vida a repetir-me, faço logo uma "declaração de interesses": sou lisboeta de origem transmontana (Chaves), agnóstico, monárquico, militante do PSD, sportinguista, fumador de cachimbo. Sou jornalista especializado em gastronomia no Diário de Notícias e coordeno um projecto na mesma área na Associação de Turismo de Lisboa. Porém, neste blog escreverei sobre tudo o que me apetecer menos sobre "comes e bebes", deixando o tema para a minha vida profissional. Não vejo neste blog um local para a transmissão permanente das minhas posições políticas, embora, como é natural, por vezes elas se reflictam naquilo que escrevo. E tenho muito gosto em partilhar este espaço com pessoas que pensam de modo completamente diferente do meu. Até com benfiquistas... 

Domingo

João Távora, 30.11.08

Iniciado em tempos no Corta-fitas, continuo aqui no Risco-contínuo a publicação deste espaço de reflexão cristã através do qual acompanharemos o ano litúrgico que hoje (por coincidência) se inicia com o primeiro Domingo do advento. Advento significa “chegada” e é um período de alegria e festa em que os cristãos preparam a chegada do Natal, solenidade  do nascimento de Jesus Cristo.

 

Evangelho segundo São Marcos  13, 33-37


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!».
 

Da Bíblia sagrada

Sejamos realistas...

João Távora, 29.11.08

Sou monárquico. Acredito profundamente na superioridade civilizacional da instituição realista e decidi há uns anos abraçar a missão de, neste país sem memória, não deixar esquecer a causa que anseio perdure e prospere nas futuras gerações.
Mas ao contrário do que possa parecer, o grande adversário deste ideal não está tanto na esquerda jacobina ou no positivismo materialista, mas antes reside entre os seus adeptos: está em primeiro lugar, em boa parte da elite académica cultural e política nacional que, nutrindo simpatia pela causa, abdica dela, bem fundo na gaveta do "pragmatismo", como garantia duma bem sucedida carreira pública sem embaraços. Em segundo lugar, está em algumas pessoas, pedantes snobs que gravitam em estéreis organizações monárquicas, ávidas de filar honrarias nobiliárquicas de obscuros antepassados. Estranho quanto a falta de noção de ridículo e tanta vaidade impeça esses patetas de perceber como prejudicam a nossa tão fragilizada causa.
Finalmente, concedo que a regeneração de Portugal está a montante desta questão do regime. Passo prioritário seria sem dúvida a  implementação duma cristalina meritocracia, duma sólida cultura de responsabilidade e excelência, que se sobrepusesse à vigente lógica do ressentimento e da devastadora inveja portuguesinha. Só depois disso será possível a Restauração.
 

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