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Risco Contínuo

Estrada dos bravos, blog dos livres

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A diferença

Ana Vidal, 23.01.09


 

São assustadores o grau de expectativas e o peso da responsabilidade que o mundo inteiro pôs sobre os ombros de Obama, aliados à tarefa hercúlea que ele tem pela frente nos próximos tempos. À boa moda da banda desenhada, espera-se dele que salve o mundo ou o deixe afundar-se de vez nas tenebrosas trevas para onde tem caminhado nas últimas décadas. Nada mais, nada menos: que salve o mundo com os seus super-poderes, a sua capa protectora e a sua justa espada, erradicando todo o mal da face do planeta.

 

Alegre-se quem lhe deseja a pele escura na ponta de uma lança, que o homem vai certamente falhar, aqui ou ali. É impossível que isso não aconteça, e, se não houvesse falhas nestas circunstâncias extremas, eu acreditaria mesmo que ele é sobrehumano.

 

Por mim, continuo a crer que ele falhará menos do que outros, e que é o homem certo no momento certo. É de gente com fibra, coragem, autoridade e determinação que o mundo ocidental precisa, e não vejo no horizonte melhor candidato a um lugar daqueles. Os inegáveis dotes oratórios de Obama são importantes mas não constituem, quanto a mim, o seu maior trunfo. A acompanhá-los, vejo-lhe sempre uma serenidade admirável, difícil de ostentar perante rasteiras e questões aparentemente insolúveis, ainda mais num homem tão novo. Essa serenidade transmite uma enorme segurança e é, para mim, a principal qualidade de um líder. Obama tem-na, indubitavelmente.

 

Mas o mais importante na eleição de Obama não é, penso eu, o próprio Obama. Faça ele o que fizer, um passo de gigante foi dado pela conservadora sociedade americana, sempre tão renitente a mudanças drásticas, como o prova a reeleição de um presidente como Bush. Os americanos foram capazes, pela primeira vez, de eleger um homem que não tem a cor da casa onde vai viver. É a esse homem, à sua familia "diferente" e à sua "equipa benetton" que entregam os seus destinos, numa época dramática. E esse simples facto faz toda a diferença.

 

A Obamania não é, afinal, mais do que o orgulho em si próprio que cada um vê no sorriso que o espelho lhe devolve.

 

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